Abstract:
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Resumo: Ao longo do trabalho, buscamos discutir a constituição de uma sensibilidade moderna na Florianópolis de meados do século XX. Para tanto, entendemos a literatura como mecanismo de educação dos sentidos, que tende a gerar uma educação para o moderno. Elegemos trabalhar, então, com Velhice e outros contos, livro de estréia de Salim Miguel que se insere dentro de uma tentativa maior de produção de uma estética modernista na Florianópolis das décadas de 1940 e 1950: o Grupo Sul. Assim, acompanhando ideias que perpassam os temas modernismo, modernidade e vanguarda, buscamos refletir sobre a nova estética proposta por Salim Miguel em três planos. Ao longo do primeiro capítulo, situamos aproximações ao existencialismo de Sartre, mostrando como o autor realizou uma leitura dura do intelectual francês, chegando até mesmo a repetir estruturas textuais. Ao fim do trabalho, ao discutir também certa proximidade a Freud, vimos como a relação com Sartre está ligada a uma introspecção que se dá no plano privado, e que essa influência não parece chegar às narrativas urbanas de Salim. No segundo capítulo, nos preocupamos em inserir a obra do modernista catarinense na vida do espírito de Florianópolis e pensar como os jovens do Grupo Sul, com especial atenção à estética de Salim Miguel, tencionaram o establishment intelectual da cidade, trazendo à cena nova percepção dos sujeitos marginalizados, como negros e açorianos. Por fim, no último capítulo buscamos elaborar uma interpretação da modernização de Florianópolis por meio da narrativa de Salim Miguel. Essa interpretação foi comparada a outros escritores que se dedicaram a Florianópolis, e mostra como a sensibilidade modernista de Salim deu à montagem do texto uma possibilidade crítica. É nessa direção que as considerações finais do trabalho se apoiam, ao inferir que o autor traz uma revolução às letras catarinenses que se dá por meio da forma, e que possibilita que Florianópolis se reconheça por meio da literatura. |