A relação entre estilos parentais, coparentalidade e características de comportamento de crianças com transtorno do espectro autista

Abstract

Essa pesquisa tem como objetivo geral investigar as relações entre os estilos parentais, a coparentalidade e características de comportamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista e como objetivos específicos: a)Descrever ás variáveis sociodemográficas das famílias e das crianças;b)Identificar as características de comportamento das crianças; c) Identificar as dimensões dos estilos parentais predominantes nos pais;d)Avaliar a qualidade da relação coparental dos pais;e) Verificar as relações entre os estilos parentais predominantes, as dimensões da coparentalidade e as características de comportamento das crianças; f) Compreender os recursos e dificuldades enfrentadas pela família na criação do filho com Transtorno do Espectro Autista. Essa investigação caracteriza-se como de caráter exploratória, descritiva e correlacional com a integração de métodos quantitativos e qualitativos. Nessa pesquisa participaram 45 casais, pais (n=45) e mães (n=45) de crianças diagnosticadas com TEA com média de idade de 59 meses. Os dados foram coletados no Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual (CER) no sul do Brasil. Primeiramente foi aplicado um questionário elaborado pelo grupo de pesquisadores do NEPeDI-UFSC para investigar dados sociodemográficos com apenas um dos genitores e depois foram aplicados com cada membro do casal os seguintes instrumentos: Questionário de Dimensões dos Estilos Parentais QDEP, a Escala da Relação Coparental ERC e o Questionário de Capacidade e Dificuldades - SDQ. Além disso, foi aplicada uma entrevista semiestruturada com nove casais escolhidos aleatoriamente. As respostas dos instrumentos foram analisadas com o auxílio de programa de análise estatísticae a entrevista foi transcrita na íntegra e, posteriormente, foi empregado o método da análise de conteúdo de Bardin. A análise dos dados sociodemográficos revelam que 75% das famílias eram do tipo nuclear com os pais biológicos dos filhos que possuíam em sua maioria o ensino médio completo; 82% das crianças com TEA eram do sexo masculino. A percepção dos pais e das mães sobre o comportamento prossocial da criança e dos problemas de comportamento não apresentou diferença estatisticamente significativa. Os sintomas de hiperatividade foram os problemas de comportamento mais prevalentes e o comportamento prossocial mostrou-se abaixo da média normativa. Quanto aos estilos parentais, ambos os cônjuges relataram utilizar principalmente do estilo parental autoritativo. Os casais também apresentaram semelhanças sobre a percepção do relacionamento coparental; ambos destacaram principalmente o reconhecimento da parentalidade do parceiro. As associações entre as variáveis revelaram que os estilos parentais permissivo e autoritário podem levar a uma relação coparental negativa com pouco apoio do companheiro, exposição a conflitos e boicote das funções parentais e esse tipo de coparentalidade por sua vez, pode acarretar em prejuízos comportamentais para a criança com TEA. As principais dificuldades dos pais das crianças estão relacionadas a sintomatologia do TEA e os comportamentos de agressividade. Já os principais recursos utilizados para enfrentar essas adversidades estão relacionados ao apoio do(a) companheiro(a) e a rede de apoio social formal e informal. Ao final são apontadas algumas limitações dessa pesquisa e levantadas algumas sugestões de futuros estudos na área, bem como, as implicações dos resultados na atuação dos profissionais de saúde.

Abstract : This research has as general objective to investigate the relationships among parenting styles, coparenting and behavioral characteristics of children with Autism Spectrum Disorder and as specific objectives: a) To describe the sociodemographic variables of families and children; b) Identify the behavioral characteristics of the children; c) Identify the dimensions of parenting styles prevalent in parents; d) Evaluate the quality of the parent's relationship; e) To verify the relations between the dominant parenting styles, the dimensions of the coparenting and the behavioral characteristics of the children; f) To understand the resources and difficulties faced by the family in the creation of the child with Autism Spectrum Disorder. This research is characterized as exploratory, descriptive and correlational with the integration of quantitative and qualitative methods. In this research, 45 couples, fathers (n = 45) and mothers (n = 45) of children diagnosed with ASD with mean age of 59 months participated. Data were collected at the Specialized Center for Physical and Intellectual Rehabilitation (CER) in south of Brazil. Firstly, a questionnaire was prepared by the NEPeDI-UFSC research group to investigate sociodemographic data with only one of the parents and then the following instruments were applied with each member of the couple: Parent Dimensional Styles Questionnaire - PDSQ, Coparental Relationship Scale - CRS and the Strengths and Difficulties Questionnaire - SDQ. In addition, a semi-structured interview with nine randomly chosen couples was applied. The responses of the instruments were analyzed with the aid of a statistical analysis program and the interview was transcribed in full and later the Bardin content analysis method was used. The analysis of the socio-demographic data showed that 75% of the families were of the nuclear type with the biological parents of the children who had the majority of the high school education, 82% of the children with ASD were male. Fathers and mothers perceptions of the child's pro-social behavior and behavioral problems are similar. The symptoms of hyperactivity were the most prevalent behavioral problems the pro-social behavior is below the normative average. As for the parenting styles, both spouses use mainly the authoritative parenting style. Couples also have similarities about the perception of coparental relationships, both of which emphasize mainly the recognition of the partner's parenting. The associations between the variables revealed that permissive and authoritarian parenting styles can lead to a negative coparental relationship with little partner support, conflict exposure and boycott of parental functions, and this type of co-parenting may in turn lead to behavioral losses for the child with ASD. The main difficulties of the parents of the children are related to the symptomatology of the ASD and the aggressive behaviors and the main resources used to face these adversities are related to the support of the companion and the formal and informal social support network. At the end, some limitations of this research are pointed out and some suggestions of future studies in the area are raised, as well as the implications of the results in the work of the health professionals.