Resistência, solidariedade e rebeldia: o feminismo das Mujeres Creando na Bolívia (1992-2015)

Abstract

Esse trabalho tem como objetivo analisar a conceituação de feminismo construída pela organização feminista-anarquista e boliviana Mujeres Creando (1992-2015). A partir de uma perspectiva histórica e feminista busquei debater o modo como o grupo elaborou uma militância social fortemente atuante há mais de vinte e cinco anos na Bolívia e na América Latina. Através, principalmente, de um corpo documental produzido pela própria organização como jornais, revistas, livros, cartilhas, materiais audiovisuais e documentos orais no trabalho proponho compreender a formação processual desse feminismo, articulando-o com os contextos sociais locais e regionais e com as experiências individuais que marcaram as mulheres que o compuseram e que o compõem até os dias de hoje. Pretendi, portanto, dar historicidade a distintos elementos percebidos como característicos desse feminismo gestado no coletivo, como a formação da identidade política, a defesa da autonomia, a busca por produzir conhecimento feminista e o uso de visualidades feministas contestadoras e históricas por parte do grupo.

Abstract : This work aims to analyze the conceptualization of feminism constructed by the feminist-anarchist and Bolivian organization \"Mujeres Creando\" (1992-2015). From a historical and feminist perspective, I sought to discuss how the group has developed a social activism that has been active for more than twenty-five years in Bolivia and Latin America. Through a documentary body produced by the organization itself - such as newspapers, magazines, books, booklets, audiovisual materials and oral documents - I propose to understand the processual formation of this feminism, articulating it with the local and regional social contexts and with the individual experiences that marked the women who composed it and who compose it to this day. I wanted, therefore, to give historicity to distinct elements perceived as characteristic of this feminism conceived in the collective, such as the formation of political identity, the defense of autonomy, the quest to produce feminist knowledge and the use of contentious and historical feminist visuals on the part of the group.