Mobilidade educacional inter-geracional, discriminação e hipertensão arterial em adultos do sul do Brasil: um estudo longitudinal

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Mobilidade educacional inter-geracional, discriminação e hipertensão arterial em adultos do sul do Brasil: um estudo longitudinal

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Title: Mobilidade educacional inter-geracional, discriminação e hipertensão arterial em adultos do sul do Brasil: um estudo longitudinal
Author: Nishida, Waleska
Abstract: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública de magnitude expressiva. Sua ocorrência é marcada por desigualdades sociais e raciais. Entre os indicadores de posição socioeconômica (PSE) relacionados inversamente à HAS, está a educação. Além dela, a discriminação tem sido apontada como um importante marcador social no delineamento de iniquidades em HAS. Em uma perspectiva de curso de vida, o nível de educação dos indivíduos no Brasil tende a manter-se equivalente à escolaridade de seus pais e essa baixa mobilidade educacional inter-geracional (MEI) é ainda mais marcante entre os extremos sociais (baixo e alto). Essa situação se intensifica segundo cor de pele, dificultando ainda mais o acesso dos indivíduos negros ou pardos aos níveis de educação mais elevados. Considerando a relação das características socioeconômicas e étnico-raciais da população brasileira com a ocorrência de HAS, a presente pesquisa teve como objetivo: analisar longitudinalmente se a MEI e sua interação com a discriminação interpessoal auxiliam a compreensão das desigualdades raciais em HAS em adultos de uma capital do Sul do Brasil. Foram utilizados dados coletados nas três ondas do estudo EpiFloripa Adulto, incluindo informações sobre pressão arterial, uso de medicamentos anti-hipertensivos, diagnóstico médico de HAS e nível educacional dos pais e dos 1720 respondentes adultos, entre 20 e 59 anos. Foram calculadas a MEI paterna (modelos 1 e 4), materna (modelos 2 e 5) e familiar (modelos 3 e 6). O escore de discriminação obtido pela Escala de Discriminação Explícita foi dicotomizado. Análises de regressão multi-nível com efeitos aleatórios foram realizadas utilizando GLLAMM Generalized Linear Latent and Mixed Models, tendo sido ajustadas para sexo, idade e tempo de acompanhamento. Termos de interação entre discriminação e cor de pele também compuseram os modelos. Os efeitos fixos mostraram, de modo geral, relação inversa entre MEI e odds de HAS, com significância estatística para MEI alta (modelo 1: razão de odds (RO) 0,39, p=0,006; modelo 2: RO 0,35, p=0,002; e modelo 3: RO 0,35, p=0,001). Os interceptos randômicos indicaram elevada propensão de os participantes se manterem em seu estado inicial ao longo do estudo, devido às características individuais não mensuradas nos modelos. Em adição, as análises de interação mostraram redução da odds de HAS em praticamente todas as categorias da MEI entre indivíduos que relataram discriminação. Estratificando-se as análises de interação por cor de pele / raça , observou-se comportamento distinto da odds de HAS entre negros ou pardos e brancos, nas categorias baixa e descendente da MEI quando a mobilidade foi medida a partir da educação paterna e familiar. Conclui-se que ascender educacionalmente em relação aos pais não foi suficiente para reduzir significativamente a odds de HAS em adultos de uma capital do Sul do Brasil. Apenas manter alta escolaridade entre gerações favoreceu à redução da doença de forma estatisticamente significativa na amostra. Mais estudos são necessários para a compreensão da internalização da discriminação em adultos do Sul do Brasil, considerando os aspectos implícitos da discriminação, a sua mensuração, bem como os fatores que levam à interpretação de tratamentos diferenciais e injustos como discriminatórios e os contextos socioeconômicos, demográficos e políticos atuantes.Abstract : Systemic arterial hypertension (SAH) is a relevant public health problem. Social and racial inequalities mark its occurrence. The educational level figures among the socioeconomic indicators inversely related to SAH. In addition, it been pointed out discrimination as an important social marker to inequities in SAH distribution. In a life-course perspective, individuals educational level in Brazil tends to remain equivalent to their parents schooling. This low inter-generational educational mobility (IEM) is lowest between the social extremes (low and high). This situation can been intensified according to skin color, making it even more difficult for black or brown individuals to access higher levels of education. Considering the relationship between the socioeconomic and ethnic-racial characteristics of the Brazilian population and the occurrence of SAH, the present study aimed longitudinally analyze whether the IEM and its interaction with discrimination partially explain the racial inequalities in hypertension in adults in a city of the South of Brazil. Data been used from the three collect waves of the EpiFloripa Adult Study. Blood pressure; antihypertensive drug use; medical diagnosis of SAH; and educational level of parents and of the 1720 adult respondents, between 20 and 59 years old, been analyzed. The IEM paternal (models 1 and 4), maternal (models 2 and 5) and familial (models 3 and 6) were calculated. The discrimination score obtained by the Explicit Discrimination Scale been dichotomized. Multi-level regression analyzes with random effects were performed using the GLLAMM program - Generalized Linear Latent and Mixed Models, and were adjusted for sex, age and follow-up time. The interaction variables discrimination and skin color also composed the models. The fixed effects showed, in general, an inverse relation between IEM and odds of SAH, with statistical significance for high IEM (model 1: odds ratio (OR) 0.39, p = 0.006, model 2: OR 0.35, p = 0.002, and model 3: OR 0.35, p = 0.001). Random intercepts indicated a high propensity for participants to remain in their initial state throughout the study, due to individual characteristics not measured in the models. In addition, interactions showed a reduction in the odds of SAH in almost all categories of IEM among individuals reporting discrimination. Stratifying the interaction analysis by color / race , it did observe, in general, a different behavior of odds of SAH between blacks or browns and whites in low and downward categories of IEM. Concluding, increasing educationally relative to parents is not enough to significant reduction in the odds of SAH in adults from southern Brazil. Only maintaining high schooling between generations favored the statistically significant reduction in the disease in the sample. Additional studies, considering the implicit aspects of discrimination, its measurement, the factors associated with the interpretation of unfair treatments as discrimination, and the socioeconomic, demographic and political contexts, would help to understand the internalization of discrimination and embodiment in adults from southern Brazil, concerning to SAH.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2018.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/198307
Date: 2018


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