Avaliação da reatividade de equinos diferenciados pela posição de redemoinho facial

Abstract

Nas relações humano-cavalo, as pessoas atribuem aos animais denominações de temperamento e de reatividade, como calmo ou nervoso, baseadas nas suas experiências diárias. Tais denominações têm sido correlacionadas com resultados de testes de reatividade aplicados aos animais. Existem também descrições de relações entre características morfológicas e reatividade, como é o caso da posição de redemoinhos faciais acima ou abaixo da linha dos olhos influenciarem características dos animais, como sendo eles mais calmos ou nervosos . Neste estudo, aplicamos dois testes de reatividade a equinos e verificamos se houve diferença nas reações de acordo com a posição do redemoinho, acima da linha superior dos olhos (RAC) ou mesma linha/abaixo (RMB). Foram selecionados 30 animais com mesmo uso que, de acordo com a posição do redemoinho facial, foram divididos em dois grupos: redemoinho acima da linha superior dos olhos (RAC, n=16) e redemoinho na linha ou abaixo da linha superior dos olhos (RMB, n=14). Considerou-se também sexo, peso e idade para distribuição equilibrada dos animais nos grupos. A fim de se indicar com mais rigor se cavalos tratados da mesma forma, mas com a posição do redemoinho diferente, seriam diferentes em sua reatividade, realizaram-se dois testes: objeto novo repentino (guarda-chuva) e de superfície desconhecida (ponte). Cada animal foi testado apenas uma vez por dia, totalizando três repetições para cada teste, com um intervalo de cinco dias entre eles. Os testes foram filmados e os comportamentos pré-determinados (reações) foram observados e avaliados por meio de uma escala de escores (de 0 a 3, em ordem crescente de intensidade de dos comportamentos). Considerou-se que os testes foram encerrados quando houve o toque espontâneo do cavalo no guarda-chuva, a passagem total pela ponte ou decorridos 3min do início do teste sem que o cavalo tivesse tocado o guarda-chuva ou passado pela ponte. O tempo total do teste foi definido como tempo de latência. A frequência cardíaca de cada animal foi aferida antes (média de três aferições em repouso) e depois de cada teste por pressão digital da artéria facial. Foi realizado teste de Kruskal-Wallis para comparar os escores dos comportamentos e a latência; e o teste F para as frequências cardíacas. Para análise das correlações entre os comportamentos, aplicou-se a correlação de Spearman. Os valores médios da ordenação dos escores entre os dois testes foram maiores para o grupo RMB em ambos os testes. Não houve diferenças (p>0,05) na latência entre os grupos. Os valores médios de frequência cardíaca (aferida após os testes) foram maiores para RMB. Portanto, os cavalos com o redemoinho facial localizado na mesma linha ou abaixo da linha dos olhos foram mais reativos que os cavalos com redemoinho acima da linha superior dos olhos, quando comparados nos dois testes de reatividade realizados: objeto novo e repentino (guarda-chuva) e de superfície desconhecida (ponte). Uma vez que a relação entre redemoinhos faciais com reatividade possa ter explicação na origem ectodermal comum à epiderme e ao sistema nervoso, sugere-se que os cavalos com redemoinho na mesma linha ou abaixo da linha dos olhos não sofreram influência de ordem neurológica pela formação de redemoinhos, como os que tinham a presença destas formações acima da linha dos olhos.

Abstract : In human-horse relations, the people attribute generic names to animals about temperament and reactivity, such as calm or nervous, based on their daily experiences. Such denominations have been correlated with results of reactivity tests applied to the animals. There are also descriptions of the relationships between morphological characteristics and reactivity, such as the position of facial whorl above or below the line of the eyes, influencing the characteristics of the animals as being more \"calm\" or \"nervous.\" In this study, we applied two tests of reactivity to equines and verified whether there was a difference in the reactions according to the position of the whorl, above the upper eye line (RAC) or the same line / below (RMB). The animals were divided into two groups: whorl above the upper eye line (RAC, n = 16) and whorl on the line or below the upper line of the eyes ( RMB, n = 14). Sex, weight, and age were also considered for the balanced distribution of the animals in the groups. To indicate more accurately if horses treated in the same way, but with different whorl position, would be different in their reactivity, two tests were carried out: new and sudden object (umbrella) and the unknown surface (bridge). Each animal was tested only once per day, totaling three replicates for each test, with a five-day interval between them. The tests were filmed, and the pre-determined behaviors (reactions) were observed and evaluated using a scale of scores (from 0 to 3, in ascending order of intensity of the behaviors). The tests were considered finished when the horse spontaneously touched the umbrella, the full passage across the bridge or after 3 minutes of the start of the test without the horse having touched the umbrella or passed the bridge. The total test time was set as latency time. The heart rate of each animal was measured before (mean of three measurements at rest) and after each digital artery pressure test of the facial artery. A Kruskal-Wallis test was performed to compare behavioral scores and latency; and the F-test for heart rates. For the analysis of the correlations between the behaviors, the Spearman correlation was applied. The mean values of the ordering of the scores between the three tests were higher for the RMB group in both tests. There were no differences (p> 0.05) in latency between groups. The mean values of heart rate were higher for RMB. Therefore, horses with the facial whorl located on the same line or below the line of the eyes were more reactive than the whorl horses above the upper line of the eyes, when compared in the two reactivity tests performed: new and sudden object (umbrella ) and of the unknown surface (bridge). Since the relationship between facial swirls with reactivity may be explained by the ectodermal origin common to the epidermis and nervous system, it is suggested that horses with a whirlpool on the same line or below the eye line were not influenced by neurological order by the formation of swirls, like those that had the presence of these formations above the line of the eyes.