Title: | Fatores associados à resiliência de pessoas com diabetes mellitus |
Author: | Boell, Julia Estela Willrich |
Abstract: |
A resiliência é um construto com potencial para ajudar as pessoas com diabetes mellitus a enfrentarem melhor sua condição crônica. O estudo teve como objetivo avaliar a resiliência e fatores que podem influenciar esse construto em pessoas com diabetes mellitus atendidas na Atenção Primária à Saúde em Florianópolis/SC. Estudo observacional transversal correlacional realizado com pessoas com diabetes mellitus a partir de cálculo amostral que estabeleceu a participação de 362 pessoas. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas com pessoas cadastradas em dez Centros de Saúde. Aplicou-se questionário sociodemográfico, de condições de saúde e escalas para avaliar: resiliência, estresse, ansiedade, depressão, apoio social, esperança, problemas relacionados ao diabetes e autocuidado. Os dados foram analisados através do programa SPSS® versão 20.0. Dados contínuos foram expressos por médias e desvio padrão e dados categóricos através de porcentagem. Para calcular as diferenças estatísticas contínuas utilizou-se análise de variância ANOVA e para as variáveis categóricas, os testes de qui-quadrado ou teste T de student. Associações univariadas entre resiliência e as variáveis independentes foram realizadas usando ANOVA e correlações de Pearson ou de Spearman. Foi realizada análise de regressão linear multivariada com variáveis que assumiram valores de p < 0,20. Os participantes tinham média de idade de 62 anos (DP=11,5), união estável (56%), crença religiosa (94,2%), aposentados (62%), ensino fundamental (56%) e renda de um até três salários mínimos (76%). O tempo médio de diagnóstico foi de 12 anos (DP: 10,6). O gênero (p=0,015), o hábito de rezar (p=0,002) e os anos de estudos (p=0,015) foram estatisticamente significativos com a resiliência. As correlações das variáveis com a resiliência atingiram valores estatisticamente significativos (p<0,01), sendo evidenciadas correlações moderadas e diretamente proporcionais entre resiliência e esperança (r=0,493), apoio social (r=0,395) e correlações moderadas e inversamente proporcionais entre resiliência e ansiedade (r=-0,476) e impacto do diabetes na qualidade de vida (r=-0,332). Correlações fortes e inversamente proporcionais foram identificadas entre a resiliência e estresse (r=-0,559) e depressão (r=-0,603). Escores maiores de resiliência apresentaram associação significativa com hábitos desejáveis de autocuidado nos seguintes quesitos: seguir dieta saudável; orientação alimentar; menor ingestão de doces; e uso adequado de insulina. Os fatores sociodemográficos preditores da resiliência foram: o hábito de rezar, ser viúvo, e ter baixa escolaridade. Entre os fatores psicossociais foram identificados como preditores da resiliência: baixa esperança, apoio social, estresse elevado e diagnóstico possível e provável de depressão. Os achados apontam que pessoas com diabetes mellitus apresentaram resiliência elevada, entretanto sintomas do humor (estresse, ansiedade e depressão) afetaram a resiliência. A resiliência pode ser determinante dos comportamentos de autocuidado e influenciar o cotidiano de quem convive com uma doença crônica. A associação entre resiliência e processo de doença deve ser considerada por enfermeiros e profissionais de saúde, no sentido de prestar maior atenção em ações que fortaleçam esse construto e avaliem aspectos do humor no cuidado refletindo positivamente no autocuidado da pessoa com diabetes. Abstract : Resilience is a construct associated with improved health outcomes, and thus has the potential to help people with diabetes mellitus better manage their chronic condition on a day to day basis. The objective was to evaluate resilience and factors that can influence this construct in people with diabetes mellitus attended in the Primary Health Care in Florianópolis / SC. An observational cross-correlation study involving individuals with diabetes mellitus was completed with 362 participants. Data were collected through interviews with people enrolled in ten health centers. Sociodemographic and health conditions questionnaires and standardized scales were used to evaluate: resilience, stress, anxiety, depression, social support, hope, diabetes-related problems and self-care. The data were analyzed using SPSS® software version 20.0. Continuous data were expressed by means and standard deviation and categorical data by percentages. In order to identify statistical differences among continuous variables, we used variance analysis (ANOVA) and for the categorical variables, the chi-square test or the student T test. Univariate associations between resilience and independent variables were performed using ANOVA and Pearson or Spearman correlations. Multivariate linear regression analyses was performed with variables calculated to have p values of <0.20. Participants had a mean age of 62 years (SD = 11.5), were living within a stable relationship (56%), had a religious affiliation (94.2%), were retired (62%), had primary education (56%) and an income from one to three times the minimum wage (76%). The mean time of diagnosis was 12 years (SD: 10.6). Gender (male/female) (p = 0.015), a habit of praying (p = 0.002) and years of education (p = 0.015) were significantly related to resilience scores. Correlations amongst the variables with resilience scores reached statistically significant values (p <0.01), with moderate and directly proportional correlations between resilience and hope (r = 0.493) and social support (r: 0.355) and moderate and inversely proportional correlations between resilience and anxiety (r = -0.476) and diabetes quality of life (r = -0.332). Strong and inversely proportional correlations were identified between resilience and stress (r = -0.559) and depression (r = -0.603). Higher resilience scores had a significant association with desirable self-care habits in the following subjects: following a healthy diet; food counseling; lower intake of sweets and proper use of insulin. The socio-demographic predictors of resilience were: the habit of praying, being a widower, and having low schooling. The psychosocial factors identified as predictors of resilience included low hope, social support, high stress and possible and probable diagnosis of depression. The findings indicate that the participants had relatively high resilience scores; however, mood symptoms (stress, anxiety and depression) lowered their resilience. Resilience can be a determinant of self-care behaviors and influence the daily life of those living with a chronic illness. The association between resilience and disease process should be considered by nurses and health professionals, in order to pay greater attention to actions that support and strengthen this construct, such as ongoing evaluation of mood and current stressors and how they are impacting daily disease management. Successful self-care in those with diabetes includes multiple modifiable elements that can be the focus of nursing intervention with this population. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2017. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/193998 |
Date: | 2017 |
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PNFR1036-T.pdf | 2.348Mb |
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