Histórico de devastação da Floresta Estacional Decidual do rio Uruguai: um enfoque no município de Palmitos

Abstract

A partir dos anos de 1912 a 1916, companhias colonizadoras iniciaram um processo de ocupação no oeste do estado de Santa Catarina. As propagandas de que a região contava com solo fértil e densa cobertura florestal despertaram interesse e com isso, entre as décadas de 1920 e 1930 a ocupação da região ganhou corpo, dando origem a um processo de devastação marcado por dois grandes ciclos econômicos: a exploração madeireira e a agroindústria. Com o intuito de analisar o impacto destes ciclos econômicos na cobertura vegetal, foi desenvolvida uma análise espaço-temporal utilizando imagens aéreas disponibilizadas pela Secretaria de Estado do Planejamento (SPG) e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina (SDS) do município de Palmitos dos anos de 1957, 1978 e 2012. Por meio de técnicas de vetorização e fotointerpretação foram elaborados produtos gráficos e cartográficos que mostram em termos absolutos e percentuais a situação da cobertura vegetal no município. Todos os processos foram desenvolvidos em ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG) e por meio de uma análise comparativa sugere-se que no ano de 1957, o município ainda contava com uma cobertura total equivalente a 58,5% de seu território, número que cai para 26,4% do total em 1978, mantendo-se estável em 2012, com ligeira queda para 25,7%, denotando uma tendência de desaceleração do desmatamento da Floresta Estacional Decidual do Rio Uruguai (FED) entre o fim da década de 1970 e começo de 1980. Foi verificado também um cenário de fragmentação importante da vegetação, com observação de áreas remanescentes que tendem a tornar-se cada vez mais dispersas e reduzidas em extensão. Tal constatação, associada ao fato de que a FED também teve relevantes perdas em termos de biodiversidade vegetal devido às práticas de cortes seletivos durante o ciclo madeireiro, trazem à tona a urgência de medidas mitigatórias para sua preservação e recuperação.

From 1912 to 1916, colonizing companies began a process of occupation in the western part of the state of Santa Catarina. The advertisements that the region had fertile soil and dense forest cover aroused interest and with this, between the 1920s and 1930s the occupation of the region gained a body, giving rise to a process of deforestation marked by two major economic cycles: and agroindustry. In order to analyze the impact of these economic cycles on the vegetation cover, a spatiotemporal analysis was developed using aerial images provided by the Secretariat of State for Planning (SPG) and State Secretariat for Sustainable Economic Development of Santa Catarina (SDS) of the municipality of Palmitos of the years 1957, 1978 and 2012. Through vectorization and photointerpretation techniques, graphic and cartographic products were developed that show absolute and percentage terms the vegetation situation in the municipality. All the processes were developed in an environment of Geographic Information System (GIS) and by means of a comparative analysis it is suggested that in 1957 the municipality still had a total coverage equivalent to 58.5% of its territory, which fell to 26.4% of the total in 1978, stable in 2012, with a slight drop to 25.7%, indicating a deceleration trend in the deforestation of the Deciduous Seasonal Forest of the Uruguay River (FED) between the late 1970s and early 1980s. There was also a scenario of significant fragmentation of vegetation, with observation of remnant areas that tend to become increasingly dispersed and reduced in extent. This finding, coupled with the fact that the FED also suffered significant losses in terms of plant biodiversity due to selective cutting practices during the timber cycle, brings to the surface the urgency of mitigating measures for its preservation and recovery.