Cultura entrelaçada na cidade: entre a (re)existência, o reconhecimento, e a legitimidade da presença indígena em Florianópolis

Abstract

O eixo que articula esta dissertação é a presença indígena nas cidades durante a venda de artesanato e o direito a ter direitos em meio urbano. O recorte espacial é o Centro de Florianópolis onde a pesquisa exploratória foi realizada. Entretanto essa pesquisa percorre análises de episódios em outras cidades, como Balneário Camboriú e Porto Alegre, permitindo explorar os circuitos que são estabelecidos pelos indígenas. Ancorada em fundamentações teóricas e metodológicas, urbanistas e antropológicas, nesta escrita são discutidas principalmente as práticas culturais indígenas em meio urbano, o modo como ressignificam o espaço ao apropriarem-se dele, e a cultura como processo e produção. O que se observa é que a cidade cede às ações de grupos privados em detrimento de interesses coletivos. A cidade turística, fundamentada em um marketing urbano, e dependente do mercado imobiliário, possui especial interesse em invisibilizar as práticas cotidianas do dia-a-dia nos calçadões do centro de Florianópolis. Contudo, as batalhas jurídicas seguem intensas e visíveis. Ao revisar o caso de Porto Alegre na implementação de legislação pioneira na garantia a permanência indígena em meio urbano, possibilita clarear as possíveis soluções para estes conflitos urbanos em Florianópolis, e a refletirmos sobre a atuação dos profissionais arquitetos e urbanistas.

Abstract : The axis that articulates this dissertation is the indigenous presence in the cities during the sale of handicrafts and the right to have rights in urban surroundings. The spatial clipping is the Florianópolis Center where the exploratory research was carried out; however, this research analyzes episodes in other cities such as Balneário Camboriú and Porto Alegre, allowing to explore the circuits that are established by the indigenous people. Anchored in urbanistic and anthropological theoretical and methodological foundations, this writing mainly discusses indigenous cultural practices in the urban environment, the way they re-signify space when appropriating it, and culture as process and production. What is observed is that the city yields to the actions of private groups to the detriment of collective interests. The city of tourism, based on urban marketing and dependent on the real estate market, has a special interest in making day-to-day practices invisible on the boardwalks in downtown Florianópolis. However, legal battles remain intense and visible. Reviewing the case of Porto Alegre in the implementation of legislation guaranteeing the permanence of indigenous people in urban areas, it is possible to clarify the possible solutions to these urban conflicts in Florianópolis, and to reflect on the work of architects and urban planners.