Associação entre a sonolência e o desempenho cognitivo de pacientes com epilepsia temporal mesial resistente ao tratamento farmacológico

Abstract

Objetivo: A sonolência diurna e o comprometimento cognitivo são queixas comuns apresentadas pelos pacientes com epilepsia. Acredita-se que sonolência relatada pelo paciente no momento da avaliação neuropsicológica possa influenciar de forma objetiva seu desempenho cognitivo. O foco deste estudo foi investigar se a sonolência subjetiva relatada antes da testagem neuropsicológica está associada ao desempenho cognitivo de pacientes com epilepsia do lobo mesial temporal com esclerose no hipocampo (ELTM-ES). Método: Setenta e um (n=71) pacientes com ELTM-ES foram avaliados com a Escala de Sonolência de Stanford (SSS) imediatamente antes da testagem neuropsicológica. Para fins comparativos, a média dos pacientes nos escores da SSS foi comparada com a de indivíduos saudáveis. A pontuação bruta de cada teste cognitivo foi comparada entre os pacientes com sonolência (SSS = 3) ou sem sonolência (SSS <3) clinicamente relevante. As diferenças na distribuição das variáveis clínicas e demográficas foram controladas por regressão logística múltipla. Resultados: Os pacientes relataram um grau de sonolência significativamente maior do que os controles hígidos (p <0,0001). Após a análise de regressão linear múltipla, a sonolência relatada pelos pacientes mostrou-se independentemente associada a apenas um (RAVLT Total) dentre os 25 testes neuropsicológicos analisados. Conclusão: Os pacientes com ELTM-ES referem mais sonolência diurna do que controles hígidos. Entretanto, a sonolência relatada pelos pacientes antes da testagem não esteve associada ao seu desempenho cognitivo. Se confirmado em outras populações e tipos de epilepsias, os resultados poderão ter implicações para a tomada de decisão sobre o impacto da sonolência relatada pelo paciente no contexto da avaliação neuropsicológica.

Abstract : Objective: Daytime sleepiness and cognitive impairment are a frequent complain among patients with epilepsy. The impact of subjective sleepiness at the time of neuropsychological evaluation may have a clinical significance for the interpretation of findings. The aim of this study was to investigate if the self-reported sleepiness is negatively associated with the cognitive performance in refractory mesial-temporal lobe epilepsy with hippocampus sclerosis (MTLE-HS) patients. Method: Seventy-one consecutive patients with MTLE-HS were evaluated with Stanford Sleepiness Scale (SSS) immediately before neuropsychological evaluation. For comparison purpose, their mean of SSS scores were compared with healthy individuals. Raw scores of each cognitive test were compared between patients with (SSS = 3) or without sleepiness (SSS < 3). Imbalances in the distribution of clinical and demographic variables were controlled by regression analysis. Results: Patients reported a significant higher degree of sleepiness than controls (p < 0.0001). After multiple linear regression analysis, among the 25 neuropsychological tests analyzed, only one remain associated with self-reported sleepiness. Conclusion: Self-reported sleepiness was significantly higher in MTLE-HS patients than controls but did not affect significantly their cognitive performance. If confirmed in other populations and epilepsies types, our results may have implications for decision making about sleepiness screening in neuropsychological settings.