Influência dos ambientes socioeconômico e construído na incidência de incapacidade funcional de idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina

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Influência dos ambientes socioeconômico e construído na incidência de incapacidade funcional de idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina

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Título: Influência dos ambientes socioeconômico e construído na incidência de incapacidade funcional de idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina
Autor: Danielewicz, Ana Lúcia
Resumo: O processo acelerado de envelhecimento populacional tem ocasionado mudanças importantes no padrão de morbimortalidade da população, as quais incluem o aumento na carga de doenças crônicas e as incapacidades funcionais. A incapacidade para realizar as atividades de vida diária pode ser vista como um grave problema de saúde pública que afeta não somente o idoso, mas também seus familiares e comunidade, uma vez que reduz a expectativa de vida e eleva os custos com a prestação de cuidados. Dentre os fatores que contribuem para a ocorrência de incapacidades encontram-se as características socioeconômicas e construídas dos ambientes de moradia, as quais se mostram passíveis de intervenções a partir de políticas públicas intersetoriais. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação de características dos ambientes socioeconômico e construído com as incidências de incapacidade nas atividades básicas (ABVDs) e instrumentais (AIVDs) da vida diária em idosos residentes em Florianópolis SC. Foi realizada análise longitudinal em estudo de coorte de base populacional, incluindo amostra de 1.196 idosos (=60anos) residentes em Florianópolis, sul do Brasil. As incidências de incapacidade foram avaliadas pelo relato de dificuldade ou inabilidade para realizar seis ABVDs e nove AIVDs, após quatro anos de seguimento. O ambiente socioeconômico foi representado pela renda contextual, obtida pelo rendimento nominal médio do setor censitário conforme dados do Censo Demográfico Brasileiro de 2010. O ambiente construído foi avaliado por onze questões autorreferidas relacionadas à infraestrutura e à segurança do bairro e também por variáveis objetivas sobre infraestrutura de ruas, calçadas e tipos de uso do solo, elaboradas com dados do Censo 2010 e do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF). Foram realizadas análises de Regressão Logística Multinível com modelos de ajuste para variáveis individuais. A incidência de incapacidade nas ABVDs foi de 15,8%(IC95%: 13,8; 17,9) e nas AIVDs de 13,4%(IC95%: 11,6; 15,5) após seguimento de quatro anos. Houve associação significativa entre a renda contextual e a incidência de incapacidade nas ABVDs, com 38% (0,41; 0,96) e 23% (IC95%: 0,51; 1,17) menores chances de desenvolver incapacidade nos idosos que residiam no tercil intermediário e elevado de renda, respectivamente, quando comparados aos do menor tercil. Os idosos que relataram residir em bairros com morros tiveram maiores chances (OR: 1,47; IC95%: 1,05; 2,05) e aqueles que relataram ter segurança para caminhar à noite tiveram menores chances (OR: 0,54; IC95%: 0,38; 0,76) de desenvolver incapacidade nas ABVDs, quando comparados aos que não relataram tais condições. Os idosos que residiam em setores com maior proporção de comércio tiveram 38% (OR: 0,62; IC95%: 0,40; 0,84) e com intermediário uso misto do solo tiveram 33% (OR: 0,67; IC95%: 0,44; 0,99) menores chances de desenvolver incapacidade nas ABVDs, quando comparados aos que residiam nos tercis inferiores das mesmas variáveis. Em conclusão, foram observadas associações significativas entre a presença de morros e negativas entre renda contextual intermediária, segurança para caminhar à noite, alta proporção de comércio e intermediário uso do solo e as incidências de incapacidade nas ABVDs após quatro anos, independente de características demográficas e socioeconômicas individuais. Dessa forma, políticas públicas devem ser direcionadas à redução das iniquidades econômicas no município, assim como, proporcionarem maiores segurança e acessibilidade às comunidades, visando a promoção da longevidade da população idosa com independência funcional.Abstract : The growing population aging has brought important changes in the morbidity and mortality pattern, which includes an increase in the burden of chronic diseases and functional disabilities. The inability to perform daily activities can be seen as a public health problem that affects not only the elderly, but also their families and community, since it reduces the life expectancy and raises the costs of providing care. Among the factors contributing to the occurrence of disabilities are the characteristics of the socioeconomic and built neighborhoods, which are susceptible to interventions based on intersectoral public policies. The aim of this study was to assess the association between the characteristics of the socioeconomic and built neighborhoods and incidence of disability in basic (ADLs) and instrumental (IADLs) activities of daily living in the elderly. A longitudinal analysis was performed in a population-based cohort study, including a sample of 1,196 elderly (=60 years old) living in Florianopolis, southern Brazil. The incidence of disability was assessed by reporting difficulty or inability to perform six ADLs and nine IADLs after four years of follow-up. The socioeconomic neighborhood was represented by the contextual income obtained by the average nominal income of the census tracts according to data from the Census of 2010. The built neighborhood was evaluated by eleven self-reported questions related to the infrastructure and the security of the neighborhood and also by objective variables on infrastructure of streets, sidewalks and types of land use, elaborated with data from the Census 2010 and the Urban Planning Institute of Florianopolis. Multilevel Logistic Regression analyzes were performed with fit models for individual variables. The incidence of disability in the ADLs was 15.8% (95%CI: 13.8; 17.9) and in the IADLs of 13.4%(95%CI: 11.6; 15.5). There was a significant association between the contextual income and the incidence of disability in ADLs, with 38% (95%CI: 0.41, 0.96) and 23% (95%CI: 0.51; 1.17) lower odds of developing disability in the elderly who lived in the intermediate and higher income tertiles, respectively, when compared to those in the higher tertile. The elderly who reported living in neighborhoods with hills had higher odds (OR: 1.47, 95%CI: 1.05, 2.05) and those who reported having walking safety at night had lower odds (OR: 0.54; IC95%: 0.38; 0.76) of developing disability in ADLs, when compared to who did not report these conditions. The elderly living in tracts with a high proportion of trade and intermediate mixed land use had 38% (OR: 0.62, 95%CI: 0.40, 0.84) and 33% (OR: 0.67, 95%CI: 0.44; 0.99) lower odds incidence of disability in ADLs, when compared to who residing in the lower tertiles of the same variables. In conclusion, significant associations were observed between the presence of hills and the negative between intermediate contextual income, night walking safety, high proportion of trade and intermediate mix use land and the incidence of disability in the ADLs, regardless of individual demographic and socioeconomic characteristics. In this way, public policies should be directed to the reduction of economic inequities, as well as, to provide greater security and accessibility to communities, aiming at promoting the longevity of the elderly population with functional independence.
Descrição: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2017.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/188750
Data: 2017


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