Abstract:
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Partindo da hipótese segundo a qual, paradoxalmente, a economiaimagética dos filmes de Jean-Claude Brisseau convidaria a ver aquiloque Georges Bataille, em A noção de dispêndio, chamou ainsubordinação dos fatos materiais , percorro a filmografia do cineastacom o intuito de distinguir tal convite com maior precisão, abordandomais demoradamente À l aventure (2008), La vie comme ça (1978),L échangeur (1982), Choses secrètes (2002) e Les anges exterminateurs(2006). Através de uma perspectiva elaborada principalmente com jogosconceituais da filosofia de Bataille, observo nos filmes de Brisseau aprofunda relação entre a violência e o movimento para a qual, neles,chama-se a atenção. Notando seu perene interesse pelo movimento queexcede os limites, movimento este que em seus filmes aparece dediversas maneiras, finalmente penso Brisseau como um cineasta trágico,refletindo no texto tanto alguns aspectos da leitura que Trajano Vieirafaz do Édipo de Sófocles quanto o conceito nietzscheano de trágico, uma ideia , como diz o filósofo em Ecce homo a antítese dionisíacoe apolíneo levada à categoria de unidade na tragédia . Neste sentido,tratar-se-ia de ver e ouvir nestes filmes encarnações da dissonância uma aprovação da vida até na morte , como o diz Bataille do erotismo,uma aprovação da vida na intimidade dos violentos desdobramentos dosseres, na correnteza do vir-a-ser heraclitiano, na prodigalidade universalem criar e consumir imagens, na insubordinação dos fatos materiais. |