Abstract:
|
Pessoas que se identificam com o sexo biológico que lhes foi atribuído no nascimento são comumente chamados de “cis-gênero”, e àqueles que não se identificam com papeis e/ou estes comportamentos esperados são denominados “transgênero” ou “transexuais”. Estudo qualitativo, com aporte teórico-metodológico da Teoria Fundamentada nos Dados, vertente strussiana. O cenário foi a Atenção Primária à Saúde de um município ao sul do Brasil e a coleta de dados foi realizada no período de abril a maio de 2018, por meio de entrevistas abertas e individuais registradas em gravação de áudio digital de voz. A amostragem teórica foi composta por 13 profissionais de saúde vinculados à rede, divididos em dois grupos amostrais. O primeiro grupo foi composto por oito enfermeiros, e o segundo composto por cinco médicos de família e comunidade. Como critérios inclusivos para ambos os grupos amostrais utilizou-se: profissionais que prestavam assistência direta à saúde de pessoas trans nos centros de saúde do município, e os critérios exclusivos: profissionais em atuação exclusiva de gestão e/ou coordenação de centro de saúde, de tal forma que não estão na assistência direta à saúde da população trans, e profissionais afastados do trabalho, independente do motivo, durante o período de coleta de dados. A pergunta norteadora “Fale-me como ocorre a gestão do cuidado à pessoa trans na Atenção Primária” iniciou as entrevistas de ambos os grupos, e, além desta, questionou-se aos profissionais do segundo grupo amostral: “Como ocorre a interconsulta com os enfermeiros para as questões de saúde da população trans”. Utilizou-se o software NVivo 10® na organização dos dados no período de coleta, análise e categorização dos dados que ocorreram de forma simultânea por meio da análise comparativa constante dos dados. O processo de análise seguiu a codificação aberta, axial e integração que sustentam o fenômeno do estudo intitulado “Desvelando horizontes e desafios para o fortalecimento da gestão do cuidado à pessoa trans na Atenção primária à Saúde”. As categorias incluíram: 1) condições, definidas por “(In)visibilidade da população trans condicionada pelo frágil acesso na Atenção Primária à Saúde”, onde os profissionais elucidam o baixo acesso da população trans aos serviços de saúde, além de elencarem possíveis motivos que afastam esta população de procurar atendimento em saúde; 2) ações-interações, caracterizadas por “Incertezas e possibilidades na gestão do cuidado à pessoa trans na Atenção Primária à Saúde”, onde dificuldades na utilização de pronomes de tratamento, a abordagem de questões sexuais e a importância e necessidade do cuidado multiprofissional são ressaltados para o efetivo gerenciamento do cuidado; 3) consequências, delimitadas por “Aperfeiçoando e fortalecendo a gestão do cuidado à pessoa trans na Atenção Primária à Saúde”, no qual a residência em saúde da família, educação continuada e capacitações e oficinas de sensibilizações são vistas como essenciais para o fortalecimento da gestão do cuidado. Os profissionais em saúde compreendem a gestão do cuidado à pessoa trans como um conjunto de atividades singulares e complexas, além de perceberem a importância e a necessidade do atendimento multiprofissional e interdisciplinar para a efetivação desse gerenciamento. |