Tarefas para não dormir a sesta: trabalho infantil doméstico na periferia de Montevidéu

Abstract

Partindo da perspectiva do trabalho, compreendemos a infância dentro das relações sociais de produção capitalista e entendemos que a exploração do trabalho das crianças faz parte do processo generalizado de exploração capitalista, onde o trabalho vira ?meio de subsistência? em vez de meio para a realização humana, determinando que a criança vire produtora de valores de troca. Entre as diversas formas de manifestação do problema do trabalho infantil, (des)aparece o trabalho infantil doméstico realizado no próprio lar, sem remuneração, sendo considerado como ?ajuda?. Assim, considerando a responsabilidade das crianças no trabalho doméstico no próprio lar como forma de substituição do trabalho adulto e sua invisibilidade como parte das formas de exploração do trabalho na sociedade capitalista, configurou-se o seguinte problema de pesquisa: como se configura o trabalho infantil doméstico na periferia de Montevidéu? A partir daí, nosso objetivo geral é compreender o trabalho infantil doméstico na periferia de Montevidéu, para identificar suas configurações na atualidade. Quanto aos objetivos específicos, procuramos: apresentar a constituição social e histórica da exploração da força de trabalho das crianças para compreender as relações sociais em que se insere o trabalho infantil doméstico; identificar as propostas de solução para o trabalho infantil postas em prática por meio das políticas sociais na atualidade, para evidenciar seus limites e potencialidades; compreender o que revelam os depoimentos dos professores, das famílias e das crianças acerca do trabalho infantil doméstico na periferia de Montevidéu. Optamos pelo método histórico dialético como base do processo de aproximação do nosso objeto de estudo. Referendados numa abordagem qualitativa, utilizamos como instrumentos de coleta de dados as entrevistas a trabalhadores escolares, famílias e crianças da 6ª fase de três Escolas Aprender, incorporando outras linguagens como a fotografia, os desenhos e os contos para crianças. Como síntese conclusiva, o lugar a que chegamos nessa pesquisa sinaliza a existência do TID entre as crianças das escolas pesquisadas, embora exista uma naturalização deste tipo de trabalho que leva a uma dificuldade para reconhece-lo, sendo as crianças as que melhor o reconhecem.