Abstract:
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A investigação de auréolas termais em corpos intrusivos e suas decorrências em diferentes rochas encaixantes tem sido tema de interesse de vários pesquisadores. A compreensão dos processos de fusão decorrentes da atividade destas auréolas termais é ainda campo de disputa entre grupos que trabalham especificamente com processos termais locais (pirometamorfismo) e grupos que abordam o assunto como um processo de migmatização de pequena escala (back veining). Independente da linha de abordagem, o reconhecimento de zonas de fusão causada por intrusões magmáticas tem sido mais estudado quando é também mais evidente, ou seja, nos casos em que a rocha encaixante é de origem sedimentar ou metamórfica. Nestes casos, se há fusão nas bordas do corpo ígneo, não existe muita dúvida que este processo se desencadeou pelo posicionamento deste corpo. Contudo, quando a rocha encaixante é outra rocha ígnea, e, sobretudo se a fusão é extensiva, é muito comum a confusão das evidências destes efeitos térmicos com aquelas geradas no desenvolvimento de diques sinplutônicos. Neste contexto, o Batólito Florianópolis é caracterizado por uma diversidade de granitoides de idade neoproterozoica, frequentemente associados ao magmatismo máfico sincrônico, que são intrudidos por uma série de diques máficos eo-cretáceos. Na região costeira compreendida entre as praias de Garopaba e do Silveira afloram os granitoides da Suíte Paulo Lopes, que abrange monzo- a sienogranitos e granodioritos porfiríticos. Intrusivos neste conjunto ocorrem 19 diques máficos. Na região de contato entre diques e rochas graníticas encaixantes, é comum a ocorrência de feições que atestam relações de mútua intrusão e contemporaneidade entre magmas, como contatos sinuosos, difusos e interativos. Dado o contraste de idades dos granitos encaixantes (630-620 Ma) e dos diques (134 Ma), fica evidente que a relação de contemporaneidade entre os magmas se dá através de processos de fusão das encaixantes graníticas em decorrência da intrusão dos diques básicos. As feições que evidenciam a presença de fusão, mais frequentemente observadas, são o aumento progressivo do volume de matriz nas rochas graníticas quando próximo aos diques, comumente acompanhado de corrosão dos cristais maiores, o que acarreta a perda da identidade textural original; zonas de reação entre os dois magmas que interagem, o que gera clorita e sericitização do plagioclásio; redução do volume de biotita nos granitoides e existência de bolsões de fusão e líquido intersticial entre os grãos dos granitoides. Também são identificadas texturas típicas de processos de fusão, como granófiros, filmes de melt e string of beds ao longo dos limites dos cristais reliquiares. Com o desaparecimento das biotitas nas rochas granitoides nas zonas de fusão, as temperaturas estimadas no processo de fusão são da ordem de 750°C, temperatura de quebra das biotitas. |