Abstract:
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Introdução: O Censo da Educação Superior de 2010 confirma uma crescente entrada de alunos público-alvo da educação especial na educação superior nos últimos anos. A universidade precisa, assim, estar preparada para uma inclusão educacional e social efetivas. Contudo, por ser ainda um tema recente, há poucos estudos que discutem a educação especial inclusiva na educação superior, diferente da literatura relacionada à educação básica. Especificamente sobre a surdez, há estudos que comprovam a deficiência no processo de inclusão dos alunos surdos no ensino regular, porém são poucos os que falam sobre a educação superior. Sabe-se que, para que a inclusão seja efetiva, é preciso que se mobilize vários fatores: adaptações arquitetônicas, formação de professores e servidores, contratação de intérpretes, aquisição de materiais específicos, dentre outros. Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo analisar a inclusão de alunos surdos na educação superior especificamente a partir do olhar do professor. Metodologia: O estudo teve dois procedimentos: questionários aplicados com professores e análise dos cursos de capacitação oferecido aos professores nos últimos 4 anos. Um questionário semiaberto foi aplicado com 15 perguntas que discorrem sobre inclusão, junto a 7 professores inseridos na Universidade Federal de Santa Catarina. Esses professores foram divididos em dois grupos: o GRUPO 1 (professores 1 e 2) é composto por professores do curso de Letras/Libras da UFSC e o GRUPO 2 (professores A à E) é composto por professores de variados cursos da mesma instituição. Dividimos os grupos, pois acredita-se que há diferenças significativas entre professores do curso de Letras/Libras (que é um curso em que seus alunos são, em grande maioria, surdos) e os demais cursos da universidade. Os dados foram analisados a partir de uma Análise de Conteúdo. Resultados: Todos os professores relataram que não fizeram nenhuma formação na área da surdez. Apesar disso, todos referiram compreender seu aluno e citaram que a língua de sinais favorece a interação possibilitando a fluência de ideias. Sobre o intérprete, a falta de conhecimento necessário sobre a importância do trabalho conjunto professor/intérprete faz com que o professor do grupo 2 não desenvolva atividades juntamente com o intérprete simplesmente por nunca ter obtido a informação de que isso é possível. A visão do professor sobre o papel do intérprete em sala de aula é de um mero repassador da informação na íntegra e não de tradução de maneira didática. Os docentes também referiram que realizam adaptação na aula e nas avaliações. Os professores apresentaram como dificuldades no ensino principalmente, o número grande de alunos em sala de aula e relatam que o investimento dos profissionais nessa inclusão precisa de um suporte e um apoio institucional. Contudo, analisando o que a universidade oferece, percebemos que a UFSC ofereceu cursos de capacitação nesses últimos anos e os professores participantes de nossa pesquisa em sua maioria não participaram de nenhum, sendo que sempre sobrou vagas nos cursos oferecidos. Conclusão: Os professores não tiveram formação para trabalhar com os alunos surdos, mas elaboram estratégias e se esforçam para incluir estes alunos, achando que dessa forma a inclusão já é efetiva precisando apenas que a universidade priorize as leis de inclusão cumprindo-as com rigor para dar um melhor acesso a esses alunos na educação superior. |