Title: | "É língua oficial de Timor-Leste, quer não quer nós temos que falar": reflexões sobre políticas e práticas linguísticas em Díli |
Author: | Dias, Christiane da Silva |
Abstract: |
Este estudo nasce do interesse da autora de problematizar as políticas linguísticas em contextos de antigas colônias portuguesas. Nesse caso, especificamente, é uma tentativa de compreender as dinâmicas do(s) discurso(s) que permeia(m) a oficialização da língua portuguesa em Timor-Leste e sua relação com as práticas linguísticas cotidianas adotadas pela população que vive e transita em Díli, capital do país e também por timorenses que escolheram estudar no Brasil. Um dos objetivos desse trabalho é tentar relatar a construção discursiva da política linguística timorense, por meio de documentos que definem as políticas linguísticas institucionais e, a partir daí, confrontar essa análise com outra, a das práticas linguísticas cotidianas. Timor-Leste é o único país asiático integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, bloco de Estados que se definem a partir do fato de partilharem a língua portuguesa como idioma oficial. Do ponto de vista teórico, a pesquisa busca inspiração na linguística aplicada crítica e nos estudos pós-coloniais (CANAGARAJAH, 2005; MAKONI, 2006, 2007, 2012; MOITA LOPES, 2013; PENNYCOOK, 2001, 2007, 2010; RAJAGOPALAN, 2003, 2004). Além disso, propõe um diálogo com os estudos culturais (HALL, 2005) para refletir sobre categorias como cultura e identidade, recorrentes nos documentos oficiais como justificativa da oficialização da língua portuguesa (TIMOR-LESTE, 2002, 2008, 2012). O trabalho seguiu duas etapas metodológicas interligadas. A partir da análise de documentos oficiais de políticas linguísticas daquele país ? a Constituição da República Democrática de Timor-Leste; a Lei de Bases da Educação; a Resolução do Parlamento Nacional sobre ?A Importância da Promoção e do Ensino nas Línguas Oficiais para a Unidade e Coesão Nacionais e para a Consolidação de uma Identidade Própria e Original no Mundo?; e o Plano do Ministério da Educação 2013-2017 ? procurou observar a relação do que institucionalmente está localizado em um plano ideal com o que é manifestado por duas comunidades de prática (ECKERT, 1992) específicas: a de estudantes timorenses que frequentam o ensino superior na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a de estudantes finalistas do curso de Formação de Professores de uma universidade em Díli. Além destas comunidades de prática, considerou-se, também, a paisagem linguística (LANDRY & BOURHIS, 1997) multilíngue da capital timorense, onde a autora viveu e trabalhou por um ano. A provocação contida nesse trabalho é que discursos institucionais monofônicos constroem a imagem de uma identidade nacional fixa. Por outro lado, as práticas cotidianas revelam um ambiente polifônico, híbrido e conflituoso. Por fim, a dissertação pretende contribuir para reflexões críticas sobre a relação política entre língua(s), cultura(s) e identidade(s) ao explorar o processo de construção política da ideia de língua.<br> Abstract : This study starts from the interest of the author in discussing the linguistic policies in former portuguese colonies contexts. In this case, specifically, is an attempt to understand the dynamics of the discourse(s) that addresses the officialization of the portuguese language in Timor-Leste and its relation with the language practices adoptedby the population that lives and moves in Dili, the country capital. The aim of this study is to try to report the discursive construction of the timorese languistic policy, through documents that define the institutional languistic policies and compare this analysis with the language of everyday practices. Timor-Leste is the only Asian country member of the Community of Portuguese Speaking Countries, an institution that are defined from the fact that share portuguese as an official language. From a theoretical approach, the research seeks inspiration in critical applied linguistics and postcolonial studies (CANAGARAJAH, 2005; Makoni, [2006], [2007], [2012]; MOITA-LOPES, 2013; PENNYCOOK, [2001], [2007], [2010]; RAJAGOPALAN, [2003], [2004]). It also proposes a dialogue with cultural studies (HALL, 2005) to think on categories such as culture and identity, which are present in official documents to justify the officialization of the portuguese language (TIMOR-LESTE, [2002], [2008], [2012]). This study comprises two methodological steps. From the analysis of official documents of language policies of Timor-Leste - the Constituição da República Democrática de Timor-Leste; a Lei de Bases da Educação; a Resolução do Parlamento Nacional sobre ?A importância da Promoção e do Ensino nas Línguas Oficiais para a Unidade e Coesão Nacionais e para a Consolidação de uma Identidade Própria e Original no Mundo?; and the Plano do Ministério da Educação 2013-2017 - sought to look on the relation between what is institutionally located as an ideal and what is show up by two communities of practice (ECKERT, 1992): the timorese students at Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) and senior students from an university in Dili: and the linguistic landscape (LANDRY & BOURHIS, 1997) of the Timor-Leste?s, capital city, where the author lived and worked for one year. The set here is that monophonic institutional discourses construct a fixed national identity. On the other hand, the linguistic practices reveal a polyphonic, hybrid and conflicted environment. Finally, this study aims to contribute for the critical reflections on the political connection between language(s), culture(s) and identity(s), through scanning the process of political language construction. |
Description: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2015. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/158405 |
Date: | 2015 |
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336819.pdf | 3.440Mb |
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