Abstract:
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Este estudo foi realizado no município de Biguaçu/SC, nas comunidades de São Mateus, São Marcos, Canudos e Fazenda de Dentro, e está inserido do projeto de pesquisa "Inovações de base ecológica na produção de carvão vegetal dos agricultores familiares na região da grande Florianópolis/SC" (FANTINI, 2009) - projeto "Nosso Carvão" - executado pela UFSC desde 2009 com recursos do Edital MCT/CNPq/MDA/SAF/Dater Nº033/2009 que visa à melhoria nas condições de produção de carvão vegetal realizada por agricultores familiares, de modo a promover a conservação das florestas e a melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Insere-se de modo particular em um dos objetivos específicos do projeto mencionado que visa à compreensão dos conhecimentos locais acerca do manejo dos recursos florestais, de modo a identificar a origem e evolução dos sistemas de produção (FANTINI, 2009). A produção de carvão no contexto do cenário estudado está atrelada a uma forma tradicional de uso da terra e dos recursos florestais, especialmente dos bracatingais, que caracterizam um "sistema de uso da terra" que, por sua vez, consiste numa das muitas variações do que aqui está sendo chamado de agricultura de corte e queima, ou "sistema de roça-de-toco". Os produtos desse sistema, de forma genérica, são o aipim e a lenha. Historicamente o aipim é usado nessa região como matéria-prima para a produção de farinha, sendo a lenha necessária para se realizar essa produção. A agricultura de corte e queima é prática comum em diversos povos que vivem em sistemas tropicais. Este tipo de uso da terra está atrelado ao manejo florestal, pois são as florestas, em diferentes tipologias e estágios sucessionais, que servem de subsídio base para o estabelecimentos dessas roças-de-toco. É exercida por comunidades tradicionais ou por agricultores familiares que possuem uma relação bastante próxima com as florestas. Pelo fato das florestas fazerem parte do modo de vida dessas pessoas, enquanto sendo a terra/floresta trabalhada pela família, o conhecimento tradicional que elas possuem sobre o tema é bastante valioso. Particularmente os agricultores do cenário estudado em Biguaçu/SC, ao estabelecerem roças-de-toco, referem-se a este manejo singular como "botar a roça", expressão que dá título a este trabalho. O tema deste trabalho justifica-se quando entendemos a relação íntima que estas pessoas possuem com as florestas e como esta relação pode influenciar na conservação dos remanescentes florestais. |