Abstract:
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A disponibilidade de madeira no Brasil era considerada abundante, e a matériaprima era obtida pela prática do extrativismo. Como a exploração não era feita através de um manejo florestal sustentável, esta matéria-prima foi se tornando escassa, necessitando de uma substituição por madeiras provenientes de reflorestamento, seja por meio de espécies nativas ou de exóticas. Objetivou-se, neste trabalho, avaliar o rendimento econômico de um plantio com espécies nativas madeireiras, bem como as restrições legais e aspectos técnicos que limitam a sua produção. O trabalho foi conduzido em um estabelecimento agrícola, no município de Massaranduba - SC, que possui um plantio de 26 ha, com aproximadamente 30 anos de idade, formado por três espécies nativas madeireiras: Miconia cinnamomifolia (Jacatirão-açu), Hieronyma alchorneiodes (Licurana) e Nectandra spp. (Canela amarela). Foram inventariadas 12 parcelas de 40m x 40m, coletando informações de todas as plantas com diâmetro à altura do peito (DAP) > 5 cm, como o nome da espécie identificada, DAP (cm), a altura comercial (m), a altura total (m) e o aspecto do tronco quanto à tortuosidade. Além disso, foram feitas entrevistas abertas junto ao produtor para conhecimento da propriedade e da situação legal na qual a mesma encontrava-se. Foram feitas ainda pesquisas bibliográficas e consultas a grupos de pessoas ligadas ao assunto para discutir temas referentes aos aspectos técnicos e legais. O inventário florestal apresentou dados médios de 13,1 cm de DAP, 28,6 m²/ha de área basal, 259,2 m³/ha de volume total e 121,1 m³/ha de volume comercial. As três espécies plantadas somam 62,1% do volume total da área e 72,1% do total de indivíduos. A Canela amarela foi a única espécie que apresentou um total de indivíduos maior do que o número de mudas plantadas. A Licurana obteve um volume comercial corrigido e um número de indivíduos, para plantas com DAP > 5 cm e DAP > 15 cm, maior que as demais espécies. O proprietário possui estocado no plantio um rendimento bruto de R$ 459.595,50. O valor esperado da terra, a uma taxa de 6%, para o reflorestamento foi de R$ -2.384,07, menor do que o obtido para a cultura da banana, principal cultura da região, utilizada para comparar o melhor uso da terra para a área. Embora economicamente a banana tenha se mostrado mais vantajosa, ambientalmente o reflorestamento apresenta benefícios maiores. Apesar de ser um plantio registrado, o produtor encontra uma série de restrições legais que o impedem de explorar sua matéria-prima, dada a dificuldade encontrada por fiscais do IBAMA e FATMA em diferenciar o plantio de uma regeneração natural, dado o avanço da vegetação natural na área do plantio. Alguns detalhes técnicos contribuíram para este parecer desfavorável ao corte dos indivíduos plantados, mas principalmente o plantio de modo assistemático e o enriquecimento com palmiteiro sem registrá-lo no órgão ambiental competente. No entanto, pode-se constatar que o proprietário agiu, sob todos os aspectos, dentro das conformidades da lei. |