Abstract:
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A presente pesquisa trata do incesto fraterno tendo como objetivo identificar e problematizar a sua dinâmica, a fim de dar visibilidade ao fenómeno. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória de natureza quali-quantitativa realizada no período de setembro a dezembro de 2004. Realizamos uma análise documental em 13 prontuários psicossociais do Programa Sentinela/Projeto Acorde de Florianópolis/SC, em que foi identificado o incesto entre irmãos, caracterizando-se por 7 casos em atendimento e 6 casos desligados. De um universo de 13 casos, intencionalmente, priorizamos os 7 casos em atendimento e selecionamos dentre estes 1 caso para realizar entrevista com uma vitima. Assim, a coleta de dados foi realizada através da pesquisa documental nos 13 prontuários e da entrevista gravada e transcrita com urna vítima que estava em atendimento na época. Como resultado, identificamos que na maioria dos casos pesquisados, o grau de parentesco do irmão agressor para com a vitima, apresentava-se por laços consangüíneos. Evidenciouse também que em grande parte dos casos, o irmão mais velho foi o ofensor sexual de sua irmã mais nova. Houve a prevalência de vítimas do sexo feminino. A modalidade mais freqüente de violência sexual foi o estupro seguido por atos libidinosos. Além da vitimização sexual perpretada pelos irmãos, as vítimas também sofreram outros tipos de violência, corno a violência fisica e negligência, sendo estas, neste caso, perpetradas pelos pais. A pesquisa também revelou que as famílias atendidas pelo Projeto já haviam transitado pelo menos por um outro programa/instituição da rede de apoio que o município oferece, revelando assim, que esta família já estava em busca de ajuda para resolver seus problemas internos. A partir da pesquisa, concluímos que o incesto fraterno é unia forma comum de incesto, levando em consideração o número expressivo de casos identificados. () que indica que o incesto fraterno não é raro, mas sim, pouco publicizado. Apontamos para a importância da discussão do assunto seja pelo Estado, pela sociedade civil, pela família envolvida e pelos técnicos do serviço de proteção, para que este fenómeno possa ser efetivamente denunciado, enfrentado e prevenido |