Abstract:
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O presente trabalho visa analisar, a partir da abordagem da Economia Solidária, dimensões que travam e potencializam a reconstrução social de uma Feira que acontece na Praça da Cidadania, em frente à Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Universitário João David Ferreira Lima. O objetivo foi apontar caminhos que permitem manter a Feira como espaço comercial, sem perder a identidade como espaço solidário. A Feira existe há sete anos e desde 2010 atua sem vínculo oficial com a Universidade. O Projeto de Extensão Ágora foi a ação de extensão que deu origem à Feira e baseou-se nos princípios de autogestão, cooperativismo, solidariedade e agroecologia. O projeto ficou inativo em 2010 e durante este período a Feira cresceu desordenadamente, está irregular em alguns aspectos relacionados à comercialização dos produtos e serviços ofertados e inadequados em relação às normas e critérios que orientam a comercialização no âmbito universitário. A metodologia utilizada foi pesquisa-ação e a análise das condições de reorganização da feira ocorreu através de revisão bibliográfica sobre o tema, análise dos documentos do projeto inicial, documentos gerados em encontros específicos com os atores envolvidos e gerais, entrevistas com alguns idealizadores da proposta, entrevista com representante da universidade e entrevistas com dois dos feirantes mais antigos, além de observações feitas nos dia a dia da Feira. Foi possível constatar neste estudo a importância da Feira da UFSC para os feirantes, visto que há várias famílias envolvidas por trás de cada barraca e algumas bancas dependem da renda gerada nesta Feira, além da importância para a comunidade acadêmica e entorno. Porém, a permanência da Feira da UFSC como espaço comercial sem perder o caráter solidário será possível, se a mesma receber suporte da universidade como projeto de extensão e assim realizar as atividades necessárias para resgatar os conceitos que englobam a economia solidária através de atividades de extensão realizada coletivamente por acadêmicos e feirantes. A falta de informação e concepção sobre os princípios que embasam o tema foi o principal entrave na reorganização do grupo, seguida da falta de apoio da parte da UFSC, já que a Feira acontece dentro da universidade. A autogestão como prática organizativa nos processos de trabalho esteve presente no processo inicial da Feira em 2006, pois o grupo de feirantes era mais homogêneo e com ideais comuns. Porém, no decorrer dos anos, esta característica perdeu-se dentro do espaço da feira, predominando a heterogestão. A configuração atual da Feira requer apoio da universidade para a permanência da mesma no espaço, pois nesta condição será possível a reconstrução social deste local, ancorado em conhecimentos científicos, testados no dia a dia da feira, utilizado como instrumento pedagógico para os estudantes envolvidos nas ações e, também, estendendo os resultados à comunidade. |