Abstract:
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Nos múltiplos aspectos que podem ser pesquisados a partir da cotidianidade das ações profissionais, está a prática profissional dos assistentes sociais que atuam com famílias. Desvendar as bases sobre as quais se organiza o trabalho profissional, descrever e analisar as práticas que figuram no cotidiano da profissão e identificar os principais fatores determinantes da ação profissional com famílias são objetivos desse trabalho, que se encontra ancorado numa pesquisa de natureza qualitativa que envolveu: coleta viva de dados junto a grupos de assistentes sociais, a observação participante em programas de atendimento familiar e a revisão bibliográfica sobre o temas. Os resultados indicam um cotidiano profissional onde predominam ações acionadas em caráter de emergência que não permitem, portanto, um processo de reflexão mais elaborado para a ação que assume um caráter fragmentado e pontual, que os profissionais buscam modificar. Através de autores como Iamamoto (1997) e Martinelli (1991), percebe-se que essas características da pratica profissional se apresentam na trajetória histórica do Serviço Social, tanto no cenário nacional, quanto no contexto mundial Os resultados referendam ainda as análises de Carvalho (1997), bem como de outros autores, sobre a inserção das famílias nas políticas sociais brasileiras e nos serviços que resultam destas, como uma inclusão fragmentada da família que se da ainda, a partir da sua incapacidade de cumprir determinadas funções socialmente concebidas como de sua responsabilidade. Tudo isso acaba se refletindo na prática dos assistentes sociais que possui limites muito claros, como, por exemplo, aqueles que emanam da instituição na qual o profissional se insere. Os profissionais reconhecem os limites e possibilidades de suas praticas e nas "artes de dizer", onde se insere, de acordo com Certeau (1994), o discurso profissional, já encontraram maneiras de redefini-las. Apontam assim, para a possibilidade de construção de uma nova prática que rompa de maneira definitiva corn os estigmas históricos da profissão, e que reconheça a família não apenas como um espaço de cuidado, mas também como um espaço a ser cuidado, tal como preconiza Mioto (2000). Tal reconhecimento pressupõe a adoção de uma perspectiva critica que leve em conta as relações que a família estabelece com o contexto social mais amplo. |