Abstract:
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Na literatura de Roberto Arlt são vários e díspares os elementos que constituem a narrativa: lunfardo,fórmulas químicas, equações da física, linguagem técnica, máquinas, manuais, planos, complots,fracasso, entre outros que não se tratam somente de acontecimentos temáticos, mas de dispositivos queoperam a engrenagem narrativa. É comum, principalmente nos romances de Arlt, o leitor se deparar comum discurso que combina técnica, ciência e literatura, alguns de seus protagonistas afirmam ser leitoresde literatura, mecânica, física e química. A partir dessa configuração da escrita, nos perguntamos como otexto de Arlt faz funcionar essa engrenagem de peças discordantes, feita de restos de materiais dediferentes categorias que são combinados, encaixados, deslocados, remanejados, reutilizados, recortadose insertados ruidosamente, maquinando sua engrenagem assimétrica? Como ler um texto que misturatécnica, ciência e ficção? A hipótese que guiará nossa investigação é a de que a escrita de Roberto Arlt épolifacética e constitui uma engrenagem narrativa onde procedimento e invento devem ser pensadossimultaneamente como uma equação. Propomos uma leitura do texto arltiano que esteja desvinculada daideia da busca de sentido para os textos em algo que lhes pudesse originar ou, melhor, que pudesse serreconhecido como a origem: a sociedade argentina, a história ou a biografia do autor, entendidas comoinstância não-textuais. E, para isso, utilizaremos como aporte teórico estudos de Gilles Deleuze, FélixGuattari, Jacques Derrida e Paul de Man que tratam sobre o tema do texto como máquina.<br>
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