Abstract:
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Este trabalho consiste em um estudo do mensário "de alta cultura" Anhembi, publicado entre dezembro de 1950 e novembro de 1962 na cidade de São Paulo por Paulo Duarte, que fora amigo de Mário de Andrade, ligado ao grupo d'O Estado de S. Paulo, chefe de gabinete do prefeito Fábio Prado e deputado do Partido Constitucionalista. Outras leituras da revista já haviam sido realizadas, primando ou pelos posicionamentos políticos de Duarte ali expressos (contra Getúlio Vargas, Adhemar de Barros, Juscelino Kubitschek e João Goulart, mas simpáticos a Armando de Salles Oliveira e Lucas Nogueira Garcez e dúbios em relação a Jânio Quadros) ou pela crítica de cinema ali veiculada, ou pelo trânsito das Ciências Sociais no periódico. O que está em jogo, neste estudo, é muito menos a recuperação monumental da revista como patrimônio histórico do Modernismo do que a problematização da formação de um cânone e da cristalização das forças do movimento modernista operada após a morte de Mário de Andrade por uma vertente que se reivindica sua herdeira. Para isso, opera-se uma descrição do ideário bandeirante, em que o nome da revista a inscreve, e da repercussão dessa mesma imagem em vários textos produzidos ao longo da primeira metade do século XX. Em seguida, discute-se o problema da antologia como instrumento de Estado, de seleção e exclusão, em que se manifesta um embate de forças. Na segunda parte, procura-se configurar antecedentes da migração da vanguarda brasileira em direção ao cânone, analisando textos, no periódico, que fazem parte desse processo, especialmente de Sérgio Milliet, Murilo Mendes, Mário da Silva Brito e Oswald de Andrade, salvaguardadas as diferenças entre seus trabalhos e procurando ver como entendem o momento da vanguarda, o passado literário brasileiro e que idéia fazem do contemporâneo. Por fim, arrolam-se problemas abertos para outros estudos que possam partir da revista na área de Literatura, como a relação da vertente institucional do Modernismo com o Concretismo e com outras manifestações artísticas dos anos 50. |