Às vezes tem pessoas que não querem nem ouvir, que não dão direito de falar pro indígena: a reconstrução intercultural dos direitos humanos linguísticos na escola Itaty da aldeia guarani do Morro dos Cavalos

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Às vezes tem pessoas que não querem nem ouvir, que não dão direito de falar pro indígena: a reconstrução intercultural dos direitos humanos linguísticos na escola Itaty da aldeia guarani do Morro dos Cavalos

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Title: Às vezes tem pessoas que não querem nem ouvir, que não dão direito de falar pro indígena: a reconstrução intercultural dos direitos humanos linguísticos na escola Itaty da aldeia guarani do Morro dos Cavalos
Author: Guerola, Carlos Maroto
Abstract: Nesta pesquisa busca-se a aproximação da reconstrução intercultural (SOUSA SANTOS, 2010) dos direitos humanos linguísticos escolares dos Guarani da Escola Indígena de Ensino Fundamental Itaty, escola do tekoa de mesmo nome, ou aldeia do Morro dos Cavalos (Palhoça/SC), partindo de um conceito de língua enquanto prática social local e do conceito de diversidade linguística enquanto diversidade de práticas e diversidade de significados (PENNYCOOK, 2010). Procura-se apontar para um descentramento em relação à tradição ocidental, para o qual são visibilizadas as versões registradas da tradição guarani (CADOGAN, 1997; CLASTRES, 1990; SCHADEN, 1974; LITAIFF, 1996; TESTA, 2008) sobre a língua na sua relação com o conhecimento, a educação e a religião, e parte-se de conceitos como o pertencimento sociohistórico do significado (GEE, 1994; SOUZA, 2010, 2011) e a identidade como fenômeno relacional e discursivo (MAHER, 1998; OLIVEIRA, 1976), para depois entender a identidade pós-moderna dos Guarani do Morro dos Cavalos em virtude da irrevogável tradução (HALL, 2011) através da qual enfrentam a necessidade de sobreviver e adaptar-se aos objetivos do neoliberalismo e da pós-modernidade. Recorre-se ainda ao translinguismo, e o continuum translíngue presente nas comunidades que translinguageiam bilinguemente entre línguas não separadas linguisticamente entre si e sim por questões identitárias e políticas (GARCIA, 2009), como conceito fulcral deste trabalho. A partir dos pressupostos teóricos da Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006; CAVALCANTI, 2006) e da metodologia de pesquisa interpretativista de cunho etnográfico (ERICKSON, 1990), são visibilizadas as reivindicações acerca dos direitos às práticas de linguagem que devem ser aprofundadas na EIEF Itaty durante a escolaridade dos alunos, e como essas práticas se relacionam com o contexto educacional, político e econômico em que os Guarani se inserem. Assim, são reivindicados, dentre outros, direitos interculturais como o direito à língua guarani como projeção da identidade guarani, o direito à língua materna como língua escolar, o direito a práticas de conhecimento escolares orais e em espaços educativos não escolares, o direito à documentação e escolarização das práticas tradicionais, o direito à troca intercultural de saberes, à proficiência letrada acadêmica e administrativa em português, à educação escolar diferenciada, à religião guarani, à voz e à legitimidade.This research seeks an approach to the intercultural reconstruction (SOUSA SANTOS, 2010) of the school linguistic human rights of the Guarani Indians at Itaty Indigenous School, in tekoa Itaty, the Guarani village of Morro dos Cavalos (Palhoça - Santa Catarina - Brazil). In order to take distance from the western tradition, the visibility of the registered Guarani versions (CADOGAN, 1997; CLASTRES, 1990; SCHADEN, 1974; LITAIFF, 1996; TESTA, 2008) about language, and its relation with knowledge, education and religion, is enhanced, and some other concepts are gathered, such as the socio-historical location of meaning (GEE, 1994; SOUZA, 2010, 2011) and the concept of identity as dialogic and discursive (MAHER, 1998; OLIVEIRA, 1976), to comprehend the postmodern identity of the Guarani Indians of Morro dos Cavalos upon the irreversible translation (HALL, 2011) through which they face their need to survive and get adapted to the objectives of neoliberalism and postmodernity. Also the concept of translanguaging and the continua accessed by communities that language bilingually between their languages, with no linguistic - rather political - clear-cut boundaries (GARCIA, 2009), is used as a fundamental concept upon which this research is based. From the theoretical assumptions of Applied Linguistics (MOITA LOPES, 2006; CAVALCANTI, 2006) and the interpretative methods of ethnographic research (ERICKSON, 1990), it is given visibility to the demands on the rights to the language practices that should be dealt with in depth at Itaty School, as well as to how these practices relate to the broader educational, political and historical context in which they are embedded. Thus, recognition is called for intercultural rights such as the right to Guarani language as projection of Guarani identity and the right to the mother tongue as a school language, the right to oral school knowledge practices and at educational places outside school, the right to the documentation and schooling of traditional practices, the right to the intercultural exchange of knowledge, the right to academic and administrative literate proficiency in Portuguese, the right to differentiated schooling, and the right to Guarani religion, voice and legitimacy.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Linguística
URI: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/100529
Date: 2012


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