Abstract:
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Discutir a oposição surdo/ouvinte a partir da conversa da Revista da FENEIS com pensadores como Michel Foucault, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Suely Rolnik, Ronice Muller de Quadros, Gládis Perlin e Karin Strobel é a proposta deste trabalho. Os Estudos Surdos, nesta pesquisa, possuem, além da dimensão teórica, o lugar do #narrar-se surdo#, podendo ser encarado como a entrada no mundo surdo para a coleta de olhares, discursos, experiências e acontecimentos. Essa entrada no mundo surdo através das produções surdas, como dissertações, teses, livros e a Revista da FENEIS serviram para problematizar e entender como a comunidade surda encara o encontro surdo-ouvinte. É desse encontro que os territórios surdos e ouvintes são demarcados e impedem assim a possibilidade de experimentação dos universos que envolvem estas comunidades. A figura do intérprete de Libras aparece nesse contexto como a possibilidade de oportunizar a abertura de campos de conhecimento e experimentação entre surdos e ouvintes e desestabilizar os conflitos que decorrem desse estreitamento. A dissolução da oposição surdo/ouvinte, ou a tentativa dela, a partir de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Suely Rolnik se dá através do conceito de (des)(re)territorialização, que é introduzido principalmente através da obra O Anti-Édipo que foi publicado originalmente em 1972 e desdobrado em Mil Platôs de 1980 e O que é a filosofia? de 1991, ambos de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Os efeitos decorrentes do encontro das línguas, que produzem, dentre tantos outros, novos modos de os sujeitos representarem-se, nomearem-se e definirem-se, está acompanhado daquilo que Suely Rolnik (1989) aponta como #um processo galopante de desterritorialização#, que é a rapidez com que é possível, hoje, abrir mão de certos padrões de interação e comportamento. A desterritorialização aparece quando renunciando a esses padrões, individualmente, desfrutamos dessa #rápida desaderência# (Rolnik, 1989). Pensar essa desaderência quando do encontro das línguas é uma possibilidade de intensificar esse processo de desterritorialização, já que os nossos padrões culturais de comportamento, linguagem e interação podem colidir com os padrões culturais que estão envolvidos na outra língua. Assim fica fácil perceber que o universo em que estão envolvidas as línguas é bastante rico para pensarmos a desterritorialização e reterritorialização dos sujeitos |