Abstract:
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Neste trabalho, apresentamos um estudo sobre o fenômeno da monotongação dos ditongos decrescentes [aI9,eI9,oI9,uI9] em sílabas abertas e fechadas na fala dos florianopolitanos a partir das entrevistas do banco de dados do VARSUL (Variação Linguística na Região Sul do Brasil). Baseados na Fonologia de Uso e na Teoria de Exemplares, analisamos quantitativamente as ocorrências de monotongação, com o objetivo de verificar os efeitos da frequência de uso no fenômeno. Os nossos resultados apontam para dois efeitos da frequência de ocorrência: i) de processamento, resultando no apagamento da semivogal em palavras muito frequentes; ii) de armazenamento, que age em formas gramaticais irregulares com alta frequência no sentido de preservação do ditongo. Os fatores linguísticos, tais como tonicidade, extensão do vocábulo, estão atrelados ao fator palavra, corroborando um dos princípios da Fonologia de Uso, que dá à palavra o status de lócus da análise. Além disso, assumimos que o fenômeno de monotongação é um fenômeno de variação, salvo os contextos de consoante seguinte palato-alveolar e tepe (em sílabas abertas), para os quais temos uma mudança em curso. Para as sílabas fechadas, temos a influência da palatalização da fricativa final como determinante para o apagamento da semivogal. O fenômeno de variação não se dá de forma abrupta e, através da análise acústica de algumas entrevistas, analisamos a gradiência da monotongação. Observamos que a semivogal deixa vestígios de sua presença: na duração do segmento resultante da monotongação e na trajetória dos formantes, em que pudemos identificar diferentes configurações, tais como o primeiro alvo (vogal de base) alongado ou a articulação de um segundo alvo (semivogal) que não se completa. Ademais, constatamos que, mesmo em ditongos, nem sempre é possível identificar dois alvos estáveis, fato que nos leva a considerar que a gradiência do fenômeno já se inicia nos segmentos que ainda percebemos como ditongos. |