Abstract:
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Esta pesquisa problematiza olhares de crianças com deficiência visual mediados pela fotografia. A proposta é tensionar, com a mediação da imagem fotográfica, o que se vê e o que se deixa de ver, sobre as visibilidades e invisibilidades que caracterizam as relações estabelecidas com a realidade. Assim, este trabalho discute, a partir de fotos produzidas por cinco crianças com deficiência visual seus olhares sobre o contexto em que vivem. Faz-se necessário enfatizar que considera-se o pesquisar como acontecimento, processo em constante movimento, interligado a outros acontecimentos. Com isso, pesquisar se dá no encontro com os sujeitos, as crianças são protagonistas no processo e criam-se espaços de enunciação que possibilitam o pesquisarCOM. Para tanto, desenvolvemos uma oficina estética com o grupo de crianças com quem pesquisamos. Na oficina foram realizadas atividades que possibilitavam a (re)criação do olhar e, para além dos encontros da oficina, as crianças foram convidadas a criar imagens fotográficas do contexto em que vivem. A oficina foi registrada através de filmagens, fotografias e registros em diário de campo, e constituem, juntamente com o material produzido pelas crianças, o conjunto de informações analisadas. As imagens criadas foram organizadas em quatro categorias de análise, unidades temáticas que dialogam entre si. São elas: imagens que apresentam sentidos estabelecidos na relação com o contexto social, fotografias de objetos significativos, imagens de sons, cheiros e texturas e, por último, autoretratos fotográficos. Os resultados permitiram constatar que a deficiência visual possibilita à pessoa ver com os olhos dos outros e com todo o corpo, levando-a a usar, para a construção de imagens, a linguagem verbal, a imaginação, a memória e o pensamento, juntamente com todos os sentidos. Concluiu-se que essa pesquisa possibilitou olhares estéticos para o cotidiano e criação de sentidos outros, sendo essa condição inventiva o que permite caracterizá-la como in(ter)venção. |