Abstract:
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A perda auditiva associada ao envelhecimento tem alta prevalência na população idosa e provoca inúmeras dificuldades na comunicação interpessoal. A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva prevê a atenção diagnóstica e terapêutica especializada, na qual se inclui a seleção, indicação e adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual. As pessoas idosas correspondem à boa parte dos atendimentos realizados nos serviços de atenção à saúde auditiva, nas quais se percebe grandes dificuldades no processo de adaptação. Objetivo: Conhecer e compreender os motivos que levam a pessoa idosa atendida pelo fonoaudiólogo do Laboratório de Estudos da Voz e Audição (LEVA) a privar-se do acompanhamento do primeiro mês de seu processo de adaptação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) concedido pelo SUS. Método: Pesquisa de caráter qualitativa tipo exploratória-descritiva desenvolvida com 15 idosos entre 61 e 92 anos de idade que se ausentaram do processo de adaptação aos aparelhos de amplificação sonora individual. A coleta dos dados foi realizada através de consulta aos prontuários, grupo de discussão e entrevista individual semiestruturada. Os dados foram analisados segundo a técnica da análise de conteúdo. Resultados: Os idosos justificaram as ausências ao acompanhamento de seu processo de adaptação por razões como a falta de vínculo com o atendimento fonoaudiológico, demonstrando que o idoso não recorre ao centro de referência para solução de problemas e que ele se autodispensa dos atendimentos não importando o estado de sua adaptação. A condição de saúde, o abandono do uso do aparelho de amplificação sonora individual e a condição socioeconômica também foram apontados como motivos que levaram esse grupo de idosos a privarem-se do acompanhamento fonoaudiológico. Observou-se, também, que os idosos usuários do aparelho de amplificação sonora individual vivenciam seu processo de adaptação por meio do alcance do som no uso do AASI, quando descrevem como, a partir da utilização deste recurso, vivenciam o sucesso de adaptação, indicando as vantagens relatadas e as atitudes dos idosos frente aos mesmos. Os resultados mostraram, também, a difícil adaptação ao uso do aparelho de amplificação sonora individual, descrita a partir das limitações do aparelho de amplificação sonora individual e das impressões do idoso usuário quanto ao seu uso. Por último, o estudo revela o apoio familiar, que demonstra a importância e influência da família no processo de adaptação aos aparelhos de amplificação sonora individual. Conclusões: Foi relevante conhecer as razões dos idosos para que o fonoaudiólogo possa contribuir para melhorar a condição de audição das pessoas idosas que buscam pelo Serviço de Atenção à Saúde Auditiva, além de desenvolver estratégias que minimizem a falta de adesão aos atendimentos com uma abordagem que considere uma busca ativa e multiprofissional, capazes de estimular o idoso para o autocuidado e melhor aproveitamento do aparelho de amplificação sonora individual. Pôde-se conhecer melhor o idoso usuário do aparelho de amplificação sonora individual, contribuindo com a área da saúde do idoso e no estudo da adaptação às próteses auditivas deste grupo etário. |