Abstract:
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Esta pesquisa trata da investigação diacrônica em torno da (não)realização do objeto anafórico na língua portuguesa. Investigamos como esse fenômeno ocorreu do século XIX para o século XX, tomando como corpus peças teatrais do Português Brasileiro (PB) e do Português Europeu (PE) escritas por autores nascidos em Florianópolis e em Lisboa, respectivamente. O suporte teórico que embasa a pesquisa está pautado na teoria de variação e mudança linguística (WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968; LABOV, 1972; 1978; 1982; 1994) e na teoria de Kroch (1978, 1989, 1994, 2001) sobre a propagação da mudança e as gramáticas em competição. Considerando apenas os contextos com verbos transitivos em que ocorram objetos anafóricos, observamos se há mudança e, em caso positivo, de que maneira ela ocorreu no PB e no PE. O corpus é composto de vinte e oito peças teatrais (quatorze do PB e quatorze do PE) cujos autores nasceram nos séculos XIX e XX, de onde se extraíram os dados que foram submetidos ao programa estatístico VARBRUL (PINTZUK, S., 1988) para que se processasse a análise. Após a análise dos resultados, observou-se que, no PE, antecedentes oracionais são favorecedores de elipse do objeto, enquanto que no PB houve expressivo aumento na ocorrência de objetos nulos com antecedentes SNs, do século XIX para o século XX. Além disso, os resultados sugerem, nos termos de Kroch, a existência de gramáticas em competição no PB: uma de objetos nulos e outra de objetos preenchidos. |