Abstract:
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Apresentação dos resultados de uma pesquisa inserida no campo do que se denomina tradução de textos sensíveis, pesquisa essa que teve por tema fazer uma análise descritiva de como três traduções brasileiras eruditas da Bíblia comportaram-se com relação a passagens do texto original que foram alteradas nas cópias manuscritas disponíveis atualmente. Nossa pesquisa partiu do seguinte pressuposto teórico: como a Bíblia nas línguas em que foi originalmente escrita dependeu, para ser difundida, essencialmente de cópias e recópias manuais que dela foram feitas ao longo dos séculos, nas mais diferentes regiões do mundo antigo, acabaram surgindo mudanças inevitáveis em determinadas passagens, oriundas de alterações conscientes e inconscientes feitas pelos escribas. Tais alterações, que parecem ser o principal motivo de haver divergência entre as cópias manuscritas da Bíblia em determinados trechos, são objeto de estudo da crítica textual, ciência em cujas teorias nos pautamos, e cujo objetivo é recuperar a forma original das obras literárias antigas, mediante o cotejamento de todas as cópias disponíveis dessas obras. O escopo da pesquisa foi demonstrar, mediante uma análise descritiva, que, apesar de os tradutores disporem de textos padronizados da Bíblia nas línguas originais, as passagens que foram modificadas, de uma maneira geral, acabam por se perpetuarem nas traduções, fazendo com que o estudo das versões da Bíblia seja necessário, a fim de esclarecer o porquê de haver determinadas passagens que variam radicalmente de uma versão para outra. Visto que existe uma série de passagens bíblicas que se enquadram no tema do nosso trabalho, procuramos utilizar na análise aquelas que julgamos abrir mais espaço para discussões de ordem tradutória, por serem as responsáveis imediatas pelas diferenças de forma e conteúdo que saltam à vista quando se compara as traduções da Bíblia. |