Abstract:
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O presente trabalho é fruto de uma pesquisa com jovens em duas instituições que aplicam as chamadas medidas socioeducativas, uma de internação e outra de semi-liberdade. Assim, os sujeitos da pesquisa são jovens que o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, classifica como "adolescentes em conflito com a lei". O foco da pesquisa são os sistemas de percepção e avaliação do mundo acionados pelos jovens, que operam distinguindo o bem do mal, o justo do injusto, como princípios de ação. O objetivo da pesquisa é, a partir da temática das moralidades, construir um modelo interpretativo atento às múltiplas dimensões de suas experiências - como um caminho para evitar a captura destes sujeitos exclusivamente sob a forma de "vítimas" ou "vitimadores" - e provocar o deslocamento analítico do "sujeito-vítima" para o "sujeito-agente". A ideia é ver a experiência "vivida" como um tema genuíno de investigação, para melhor compreensão das formas culturais da vida. Para tanto, a categoria vida loka funciona como um ponto de partida, pois é acionada pelos próprios sujeitos como uma chave de interpretação e de significação para suas experiências e trajetórias. Em resumo, o texto procura mostrar a necessidade de se considerar a multivocalidade dos sujeitos em "conflito com a lei", e faz uma crítica da leitura focada exclusivamente nos direitos do sujeito, apontando o rendimento analítico da leitura dos sujeitos dos direitos. |