Abstract:
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Neste trabalho, tenho como objetivo discorrer sobre o impacto das transformações nas relações de gênero, promovidas nos anos 1960, na incorporação da linguagem Pop pelo design de produtos feito no Brasil entre o final da década de 1960 e meados dos anos 1970. Para tanto, recorri às representações de interiores domésticos veiculadas pela revista Casa & Jardim como fontes de pesquisa. A abordagem conceitual escolhida para estudar as revistas de decoração tem como fundamento a sua caracterização como mídias de estilo de vida. Operando como intermediárias culturais, as mídias de estilo de vida produzem, divulgam e legitimam formas particulares de conhecimentos, valores e comportamentos, oferecendo ao público leitor pontos de apego para a constituição de identidades de classe, gênero e geração. De um modo geral, as representações de artefatos e ambientes Pop em Casa & Jardim sugerem alternativas de domesticidade voltadas para as classes médias, identificadas com a cultura jovem. Como parte constitutiva da revolução comportamental desencadeada nos anos 1960 em escala internacional, o design Pop foi um dos meios utilizados pela juventude da época para expressar seus anseios por mudanças nas regras hegemônicas que organizavam a vida social. Devido à sua ligação com as posturas iconoclastas experimentadas pelas/os jovens naquele momento, quero argumentar que a domesticidade Pop foi tanto informada quanto teve impacto nas modificações ocorridas nas relações de gênero vigentes. Ao propor o uso do corpo de maneira descontraída e relaxada, os móveis e ambientes Pop deram sustentação para a ampliação dos limites referentes aos padrões do comportamento feminino, classificados como aceitáveis até então. |