Abstract:
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Apesar das inúmeras conquistas, especialmente em relação à situação vivenciada pelas mulheres, percebe-se que a desigualdade de gênero vem se intensificando tanto no espaço doméstico como no espaço do trabalho assalariado. O trabalho assalariado, que poderia contribuir com a emancipação da mulher, trouxe maior sobrecarga quando aliado ao trabalho doméstico. Nesse sentido, a presente dissertação procurou identificar se as mudanças ocorridas na sociedade a partir do século XIX também alteraram a divisão sexual do trabalho doméstico, perceber a cargo de quem está a responsabilidade pelos afazeres domésticos em nossa sociedade e, ainda, apreender como a realidade da esfera reprodutiva é vivenciada por mulheres pertencentes à burguesia e ao proletariado. Para o alcance destes objetivos foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa por meio de entrevista semi-estruturada com vinte (20) mulheres - dez (10) pertencentes à burguesia e dez (10) pertencentes ao proletariado. A escolha por pessoas do sexo feminino deu-se pelo simples fato de que são, principalmente, elas que vivenciam, em nossa sociedade, esta desigualdade com maior intensidade do que as pessoas do sexo masculino. O recorte de classe teve como objetivo o de averiguar se as concepções e comportamentos destas mulheres, acerca da esfera reprodutiva, diferenciam-se ou não conforme a classe social que pertencem, indicando se este pertencimento também reforça uma visão desigual da realidade social. A concepção de classe social que nos orientou é da teoria marxista e, desta forma, nosso estudo procura contribuir com o debate sobre a desigualdade de gênero e sobre o trabalho doméstico na sociedade capitalista no sentido de refletir sobre as perspectivas que temos para o futuro. |