Abstract:
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O interesse acadêmico pela juventude rural tem crescido nas últimas décadas. Todavia, ainda são poucos aqueles preocupados em entender as formas de socialização e inserção política dos jovens nos diversos movimentos sociais rurais. A presente pesquisa analisa as experiências sócio-educativas de jovens vinculados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Paraná, de modo a revelar o processo de formação política dos jovens militantes Sem Terra e as contradições que envolvem esta relação de aprendizado político. Analisam-se as respostas que os jovens têm dado a esse processo, se elas apontam a continuidade dos interesses e dos propósitos do Movimento e em que medida oferecem elementos novos qualificando-o ou indicando sinais de seu rompimento. Para tanto, fez-se necessário entender as diversas formas de inserção dos jovens no MST e como contribuem para cimentar uma nova visão de mundo entre eles. A categoria experiência, elaborada pelo historiador marxista Edward Thompson, foi central para o entendimento do processo de constituição da consciência de classe das novas gerações do MST como resultado da vivência da realidade concreta e para revelar as contradições que permeiam as relações entre as gerações no Movimento. A pesquisa, de caráter qualitativo, baseou-se em fontes primárias e secundárias. Em relação às fontes primárias constituíram-se de materiais produzidos pelo MST e de entrevistas realizadas no período de 2006 à 2007, com jovens entre 15 à 29 anos de idade, inseridos na estrutura orgânica do Movimento no Paraná. As fontes secundárias, por sua vez, ajudaram a entender a trajetória do MST. Privilegiou-se destacar o processo de concentração de terras e modernização da agricultura brasileira; como os trabalhadores e os jovens reagiram a ele; a história do Movimento e suas perspectivas quanto à educação, à formação política e à participação da juventude. Tais questões ajudaram a reconstruir o quadro histórico, social e político que acompanha a formação atual dos jovens do MST no Paraná. A pesquisa constatou que as experiências sócio-educativas dos jovens do MST, neste Estado, além de proporcionar a formação política dos jovens, contribuindo para que se identifiquem com o Movimento e deem continuidade à sua luta, também tem proporcionado, a eles e ao MST, problematizar questões que perpetuam relações de desigualdades e preconceito no interior do Movimento, especialmente no que se refere às relações entre as gerações. E, ainda, apontou o desafio do MST em conciliar as lutas por transformações estruturais com transformações no cotidiano. |