Abstract:
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A consciência e reflexão sobre sua própria existência e de todos os outros entes ao seu redor pertence ao homem. A consciência da existência é consciência da vida; e esta surge com a consciência da morte. Por isso a morte é tema inquietante entre os homens desde os primórdios da humanidade. Com as religiões ocidentais, o homem pôde tranquilizar sua mente, pois se a vida não podia ser eterna na terra, havia uma vida eterna à sua espera após a morte. Contudo, à margem da religião - e ao mesmo tempo financiado por ela -, o racionalismo se desenvolvia e pouco a pouco desfazia a satisfação de tal resposta. Não há Deus. Não há vida eterna. E, junto com isso, o individualismo crescente fazia com que o sentido da morte seja perdido por completo. Sem Deus e só, o único recurso que resta ao homem moderno é a sua preservação. E quem promete alcançar este objetivo é a ciência. É aí que nos aproximamos de grupos de cientistas que, confiantes nas promessas das novas tecnologias, acreditam poder ser possível interromper o processo de envelhecimento e, com ele, a morte. Se não há resposta - filosófica ou religiosa - que dê conta de responder o anseio humano com relação ao fim de sua vida, é importante, então, "acabar com o fim". A criônica revela-se como o exemplo mais radical desta crença científica e a ética dos seus entusiastas clamam pela compreensão da imortalidade técnica como um imperativo moral. |