Abstract:
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Esta pesquisa busca conhecer o trabalho docente com a disciplina de Sociologia na rede pública do Estado de Santa Catarina, em sua condição sócio-econômica, formação, de trabalho, ensino e seu vínculo com a luta sindical. Compreende-se o trabalho docente atrelado a outros subsumidos à lógica capitalista de produção, profundamente afetado pela crise capitalista e pelos processos de precarização social que se alastram no mundo. Nesse cenário, a educação tem papel central na concretização dos objetivos do capital. No que se refere à Sociologia, a frágil tradição pedagógica da disciplina e a recente conquista da obrigatoriedade em todos os currículos de ensino médio do país, tornam problemáticas e complexas várias questões do ensino, e, especialmente os aspectos relacionados ao trabalhador em sala de aula, cujo conhecimento, acumulado pelas ciências sociais, é necessário para desenvolver um ser mais crítico sobre a realidade social. A investigação, análise empírica e documental mostram este trabalho passando por mudanças recomendadas pelos organismos internacionais na atual fase de flexibilização da produção, que exige um novo perfil para o professor. Estas exigências o governo do Estado de SC compartilha com políticas de precarização do trabalho docente, ao mesmo tempo em que promove formações aligeiradas e de desintelectualização. Além da história de intermitência nos currículos escolares e com obrigatoriedade da disciplina, novos desafios e exigências se colocam para o professor de Sociologia, que trabalha um conteúdo complexo e dinâmico, e isto se reflete nos resultados da pesquisa. A investigação revela reivindicações dos professores, que partem do pressuposto de indissociabilidade entre qualidade de ensino e condições de trabalho: formação na área - daqueles que não têm - e cursos de atualização; melhor condição de trabalho e de salário; apoio pedagógico na escola; recursos e material didático disponível, inclusive os específicos da disciplina. Partindo de uma perspectiva da crítica social, procura-se analisar as possibilidades dos professores de Sociologia, em seu trabalho docente e nas suas condições organizativas, contribuírem para uma transformação social emancipadora. Nessas tarefas imediatas e de longo prazo, as possibilidades positivas a pesquisa encontra no Sinte - Sindicato dos trabalhadores em educação de SC - e no Lefis - laboratório interdisciplinar de Filosofia e Sociologia, com uma prática e conteúdos que visam desvelar a alienação do trabalho e as ideologias vinculadas à lógica de interesses da produção capitalista. Diante dessas possibilidades defrontam-se com obstáculos advindos das práticas e concepções de trabalho docente incorporadas por alguns dos professores de Sociologia, que desvinculam suas condições de trabalho das relações de produção capitalistas e de classe, pois percebem seu trabalho como uma vocação, naturalizando as relações de antagonismo e de exploração, ou pensam-no de uma perspectiva do profissionalismo, com autonomia e prestígio social. Visando manter intactas as relações de poder, o governo do Estado veicula e fortalece a concepção de cidadania, através dos materiais didáticos, formações continuadas entre outros instrumentos mistificadores, e adota uma prática autoritária frente ao Sinte, como forma de enfraquecer a organização dos professores enquanto classe. |