Title: | Medicinas e terapias complementares na visão de médicos e enfermeiros da Saúde da Família de Florianópolis |
Author: | S. Thiago, Sônia de Castro |
Abstract: |
Esta dissertação de Mestrado em Saúde Pública teve como motivação a observação do aumento recente da demanda por terapias complementares no mundo, o que torna relevante a geração de informações sobre o tema no Brasil. A Organização Mundial da Saúde vem preconizando a inclusão destas práticas nos sistemas públicos de saúde dos países desde 1978, recomendação referendada no Brasil em 1986. As experiências no país, neste sentido, vêm sendo desenvolvidas em ritmo crescente, porém de forma desigual e descontinuada devido à ausência de diretrizes específicas. Somente em maio de 2006 foi lançada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), a qual recomenda a inclusão de algumas destas práticas no Sistema Único de Saúde (SUS), a sensibilização e formação de profissionais neste campo e o fomento de pesquisas na área. Com o objetivo de explorar a opinião de médicos e enfermeiros da Estratégia da Saúde da Família de Florianópolis sobre essas práticas e sua inclusão no SUS, foi realizada uma pesquisa de caráter quali-quantitativa entre setembro e dezembro de 2008. Um questionário fechado auto aplicado foi preenchido por 94,2% dos profissionais da rede e seus dados sofreram análise estatística, uma pergunta aberta do instrumento teve tratamento qualitativo. Foram realizadas também entrevistas com uma amostra intencional de nove profissionais, as quais foram submetidas à análise de conteúdo. RESULTADOS: Dos 177 profissionais, 88,7% desconhecem as diretrizes nacionais para a área. Porém 81,4% concordam com a inclusão das PIC no SUS, e os mais favoráveis são os enfermeiros e os profissionais usuários de homeopatia. É grande o desconhecimento sobre as práticas apresentadas, mas a maioria (59,9%) revelou interesse em fazer capacitação nesta área. Todos os profissionais concordaram que estas práticas deveriam ser abordadas nos cursos da área da saúde. A questão aberta suscitou comentários de 70 profissionais, principalmente sobre o interesse em fazer capacitação na área e reforçando a opinião favorável à inclusão no SUS. Nas entrevistas foram identificados seis núcleos temáticos nos quais o interesse do profissional pelas PIC está vinculado a contato prévio com as PIC, seja na família seja com outros profissionais, o interesse da comunidade pelas PIC tem relação com a cultura local e com a experiência como usuária destas práticas, as PIC são vistas como benéficas à saúde e permitem complementaridade terapêutica além de melhorarem a relação médico-paciente, a inserção no SUS é um direito dos pacientes e aumentam a resolutividade da atenção primária. Como dificuldades a esta inserção forma apontadas, entre outras, a insuficiência de profissionais habilitados e a falta de projeto para a área, sendo necessário, portanto, projetos específicos para a implantação das PIC no SUS e a inclusão deste tema nos currículos da área da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os dados não são suficientes para explicar a razão das contradições encontradas neste estudo. O interesse em realizar uma capacitação na área, pode estar relacionado justamente ao desconhecimento sobre as PIC e à ausência deste tema na graduação e na pós-graduação, além da visão que têm de que estas práticas estão baseadas em entendimento mais amplo de saúde-doença, o que propiciaria um cuidado diferenciado aos seus pacientes. Estes resultados sugerem que a implantação das PIC no município estaria na dependência apenas de um projeto político local para a área e contaria com o apoio de sua rede básica. This master dissertation had as a major motivation, the observation of an increasing interest for complementary therapies in the world, fact that makes relevant the development of researches concerning this subject in Brazil The World Health Organization has been extolling the inclusion of these practices in the health public systems of the countries since 1978, recommendation endorsed in Brazil in 1986.The experiences in this country, concerning this matter ,have been carried out in a crescent but discontinuous and unequal way due to the lack of specific policies .Only in May of 2006 was created the national policy of integrative and complementary practices (PNPIC),which recommends the inclusion of some of these practices in the Unified Health System (SUS), the sensibilization and formation of professionals in this area and the stimulation of development of researches. Aiming to investigate the opinion of doctors and nurses of The Family Health Strategy from Florianopolis about these practices and their inclusion in the Unified Health System (SUS), a quali-quantitative survey was carried out from September to December of 2008. A closed self applied questionnaire was answered by 94% of the municipal district basic system professionals, and the collected data have gone through statistical analysis. Moreover, one open question of the instrument has gone under qualitative analysis. Interviews with an intentional sample of nine professionals were performed, and have gone through content analysis.Results: 88,7% out of 177 professionals ignore the national policies towards the area. However, 81,4% agree with the inclusion of PIC in SUS, and the most favorable are the nurses and the homeopathy users professionals. Although the lack of information concerning such practices has been considerable, the majority (59,9%) revealed resulted in comments of 70 professionals, users of homeopathy, mainly concerning the interest in taking a specializing course, reinforcing the favorable opinion to their inclusion in SUS. In the interviews, six thematic nucleus were identified in which the interest of the professional in PIC is directly related to a previous contact of these professionals with such practices, both through the family and through other professionals, the interest of the community in PIC is connected to local cultural traits and to the experience of this community as a current user of these practices, PIC are seen as beneficial to health and allow therapeutic complementation besides improving the relationship between doctor and patient. The inclusion of these practices in SUS is a right patient#s right and it increases the solution of problems related to primary health care. Some of the mentioned reasons concerning this inclusion are among others, the insufficient number of qualified professionals and the lack of a project for the area. Thus, it is necessary the development of specific projects for the implementation of PIC in SUS and the inclusion of this topic in the health course syllabuses. Final Remarks: The information collected from the data is not sufficient to explain the contradictions found in this study. The manifested interest in taking up a specializing course in the area may be connected to the lack of information related to complementary therapies and to the absence of this subject in graduation and post-graduation courses besides their view that such practices are based on a broader understanding concerning health-disease, which would lead to a differentiated care for their patients. These results suggest that the implementation of complementary therapies in the city would depend on a local political project for the area and would rely on the support of its Primary Health Care system. |
Description: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, Florianópolis, 2009 |
URI: | http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/92389 |
Date: | 2012-10-24 |
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273203.pdf | 1.023Mb |