Abstract:
|
Quase um século após o início da institucionalização da psicanálise, a questão da formação analítica continua sendo fonte de importantes questionamentos entre os psicanalistas. Se nos primórdios, Sigmund Freud era responsável pela aceitação dos novos adeptos, autorizando-os a praticar a psicanálise, com o seu agigantamento o processo de institucionalização da formação tornou-se indispensável. A fundação da IPA, em 1910, representou uma tentativa de Freud de normatizar a formação e de autorizar os novos analistas a praticar a psicanálise. Buscando responder a essas atribuições que lhe foram confiadas pelo pai fundador, essa instituição não tardaria em endurecer as suas prescrições para a aceitação dos novos intessados em ocupar o lugar de analista. Prescrições essas que, por muitos anos, seriam adotadas e aceitas, sem questionamentos, pela comunidade psicanalítica. Porém, após a década de 60, Jacques Lacan se mostrará um crítico veemente do poder desta instituição e defenderá uma formação baseada nas descobertas freudianas do insconsciente e do desejo. Radicalizará sua posição ao afirmar que ninguém poderá dar garantias acerca formação de um psicanalista e, ao questionar-se sobre quem poderá autorizá-lo [o psicanalista] a exercer a psicanálise, afirmará que o psicanalista só se autoriza de si mesmo. Anos após, acrescentará a esse enunciado quatro palavras fundamentais: e de alguns outros. Neste enunciado, será colocada toda a problemática que envolve a questão da formação dos psicanalistas em Lacan, e é esse o eixo central que norteia a presente dissertação. |