Abstract:
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Dentro da problemática da relação juventude rural - escola, o objetivo da presente pesquisa está na identificação e discussão em torno a quais são os sentidos que a escolaridade tem para a juventude do campo. Sem negar os problemas mais estruturais de desigualdade e exclusão social, me proponho a compreender como são possíveis arranjos diversos frente a escola, o que exige indagar em como é compreendida a escola no campo. Um aspecto central é que a escola é compreendida aqui como uma das várias facetas da vivência social da juventude rural, e por este motivo é apresentada em inter-relação com outros âmbitos de socialização. Assim, família, trabalho, grupo de pares e lazer são alguns dos aspectos fortemente trabalhados neste trabalho. A pergunta de fundo que leva à centralização dos sentidos no presente estudo seria: como, ante condições materiais adversas, são possíveis diversas relações e significações da escola? Como moças e rapazes constroem esta relação? Seguindo a proposta teórica de autores como Bourdieu (1995, 1998, 2004), Charlot (1996) Dubet e Martuccelli (1998), Lahire (1997), dentre outros, parto da idéia que para que a juventude possa ter sucesso e aproveite os saberes da escola, esta deve acreditar que a escola e os saberes escolares são relevantes para seu futuro. Onde a escola não é apropriada pelos/as jovens, esta não faz sentido e não se constrói relação entre juventude e escolaridade. Trata-se então de colocar no centro da análise a relação que estabelecem os/as jovens com a escola, relação dada na sua freqüência à escola, nas suas práticas de estudo e participação escolar, ou seja, na experiência escolar. No entanto, sustento que esta relação de sentido é apenas passível de ser compreendida se partindo por um entendimento aprofundado do que é ser jovem no campo, e para isto é preciso partir de uma descrição densa dos vários âmbitos da experiência social da juventude do campo. Finalmente, cabe assinalar que este pesquisa tem sido desenvolvida através de um trabalho de campo etnográfico de dois meses e meio de duração. A observação participante através do convívio prolongado, as entrevistas e conversas informais fizeram possível uma recopilação importante de informação empírica com jovens, adultos e professores. |