Abstract:
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O trabalho é a categoria originária do ser social. Ele tem seu caráter concreto de produtor de valor de uso subsumido a seu caráter abstrato de produtor de valor, sob o capitalismo. O lazer é uma prática social específica do capitalismo, própria do tempo livre definido por oposição ao tempo ocupado do trabalho, ao mesmo tempo em que é complexo fundado com dependência ontológica deste, se desenvolve em íntima relação com a educação. Desse modo, esta pesquisa surgiu da necessidade da superação das análises idealistas do lazer, e de estabelecer nexos teóricos que permitam chegar à apreensão concreta deste fenômeno, de forma a permitir sua articulação ao projeto de superação radical do capital. A categoria contradição permitiu analisar o lazer, por um lado, na sua característica hegemônica de reprodução da sociedade capitalista e, por outro lado, com possibilidades de ser articulado a um projeto de superação radical do capitalismo. Nesse sentido, configurou-se o problema: partindo da história brasileira desde o século XX, o que é concretamente o lazer e quais suas mediações nas relações sociais capitalistas considerando a luta de classes? Para essa investigação se estabeleceu o objetivo central de analisar o lazer na sociedade brasileira a partir da crítica de autores clássicos e contemporâneos, buscando estabelecer uma base teórica para a compreensão concreta do lazer. Seguiram-se os objetivos específicos: a) Investigar a constituição histórica do lazer na sociedade capitalista, especialmente no Brasil; b) Compreender a mercadoria a partir da investigação marxiana; c) Discutir as conseqüências da reestruturação produtiva para a compreensão do lazer; d) Estabelecer uma crítica do lazer a partir de autores clássicos e contemporâneos; e) Indicar algumas relações entre lazer e educação no processo da luta de classes. A metodologia utilizada foi uma pesquisa de caráter analítico, que se perfila na ciência histórica de Marx e Engels e nas categorias marxianas de investigação do capital. Após retomada histórica da constituição do capitalismo e análise do lazer e da educação como complexos sociais mediados pela mercadoria, empreendeu-se a crítica à alguns autores clássicos e contemporâneos do lazer. As sínteses alcançadas mostram que articular o lazer à emancipação via luta por políticas públicas e garantia de direitos não pode superar sua existência como mecanismo de recomposição/potenciação da força de trabalho no tempo livre. Ou seja, o lazer em suas mediações com a educação, só pode colaborar para a superação do capital se articulado à organizações revolucionárias de trabalhadores. |