Abstract:
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O cuidado parental engloba fatores complexos da história evolutiva da espécie humana. Dentre eles está o sistema de crenças parentais. Nesse sentido, a presente pesquisa buscou contribuir com o estudo das metas de socialização infantil e crenças sobre práticas de cuidado parental, entre mães brasileiras. Participaram 50 mães, de Florianópolis, maiores de 18 anos, com um filho(a) de 0 a 3 anos. Para a coleta de dados foram utilizados um questionário socioeconômico, uma entrevista semi-estruturada e uma escala de crenças sobre práticas parentais. A análise dos dados mostrou que, apesar da diferença de escolaridade entre as participantes, não houve diferença significativa entre as metas de socialização infantil. Por outro lado, a escolaridade da mãe está relacionada com a valorização de práticas de cuidado parental. Esses resultados estão de acordo com a psicologia evolucionista do desenvolvimento. Nesta perspectiva, o comportamento parental se assemelha entre as diferentes culturas na sua função, devido a sua adaptabilidade em termos evolucionistas, enquanto varia na forma, em virtude das particularidades do contexto no qual se manifestam. A partir dos dados coletados, reforçamos a hipótese de que as metas, traduzidas como aquilo que a sociedade estabelece ser o desenvolvimento adequado de uma criança, são compartilhados, enquanto as crenças sobre a forma de alcançar esses objetivos dependem do contexto de representações do grupo social. È justamente nesse sistema multidimensional de metas de socialização e crenças sobre práticas de cuidado, no qual a escolaridade parece ter um papel específico de atuação, que as mães estabelecem a dinâmica relacional com suas crianças, tendo a tarefa de decidir o melhor caminho para garantir o desenvolvimento satisfatório de seus descendentes. |