Abstract:
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O trabalho partiu da pergunta: Qual é o papel que jogam os critérios de valoração da Natureza nos conflitos ambientais? As principais hipóteses aqui levantadas sustentam que: a) Os conflitos ambientais mostram a existência de múltiplos critérios de valor sobre a Natureza, b) Estes são constitutivos dos conflitos e c) A economia se encontra limitada para oferecer soluções já que tende a reduzir a pluralidade de critérios existentes àqueles que podem ser abarcados por seus parâmetros, definidos pela utilidade e medida. Por isso foi necessário realizar um caminho através do conceito de valor, indagando o pensamento ambientalista e procurando, na economia, uma conceituação que pudesse dar conta do valor da Natureza. Construiu-se, então, um modelo de análise baseado nas categorias de valor de uso (atual/ futuro), valor de troca (atual/ futuro) e valor de existência, que foi utilizado para analisar dois estudos de caso. O primeiro caso refere-se ao conflito em torno do projeto de transferência e depósito do lixo da Área Metropolitana de Buenos Aires na cidade de Olavarría, Argentina (2001-2003). O segundo centra-se no conflito pelo uso das Serras de Tandil, Argentina (1999-2000). Numa primeira aproximação os conflitos são estudados como sistemas complexos e seguidamente a abordagem é aprofundada com o recuso de ferramentas de análise mais específicas, aplicando o modelo às fontes documentais. Os resultados obtidos confirmam a existência de múltiplos critérios de valoração da Natureza, incluindo alguns deles independentes da utilidade e medida. Também se observou que nos atores considerados geradores e reguladores dos conflitos predomina o critério do valor de troca atual. Ao contrário, nos iniciadores e receptores existe uma grande pluralidade com maior peso para os critérios que incorporam o valor futuro e o valor de existência. |