Abstract:
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Na suinocultura industrial, o desmame de leitões é realizado de forma brusca, geralmente às 3 semanas de vida e envolve, além da separação da mãe, a mudança de dieta, a remoção para um novo ambiente e a mistura de leitegadas visando lotes de pesos homogêneos. Estes elementos podem contribuir para agravar problemas relacionados ao desmame como a baixa ingestão de alimento e a conseqüente parada no crescimento e a alta incidência de diarréias e vocalizações que ocorrem nos primeiros dias pós-desmame. Isso interfere no comportamento, no bem-estar e na produtividade desses leitões. Um estudo foi desenvolvido no Centro Nacional de Pesquisa em Suínos e Aves - EMBRAPA, localizada no município de Concórdia - SC, com o objetivo de avaliar a influência da perda da mãe e concomitante mudança de dieta, a mudança no ambiente social e a transferência para um novo espaço físico, no desempenho e comportamento de leitões nos primeiros dias após o desmame. Vinte e quatro leitegadas foram desmamadas com 21 (± 1,4) dias e distribuídas aleatoriamente nos seguintes tratamentos: T1- retirou-se a porca e a leitegada permaneceu na baia de maternidade, T2- uma leitegada inteira foi levada para uma baia da creche, e T3- leitões - entre 9 e 12 - de duas leitegadas foram misturados e alojados na creche. As observações foram realizadas no dia do desmame e nos dias 2, 3, 4, 7 e 10 após o desmame. O ganho de peso, o consumo de ração e a conversão alimentar não diferiram significativamente entre os tratamentos. Houve efeito significativo do tratamento (P < 0,001), mas não do dia de observação (P > 0,5) nos comportamentos exploratório, deitado e interações agonísticas. O T1 apresentou menor freqüência do comportamento exploratório e maior tempo deitado e menor freqüência de interações agonísticas do que os dois outros tratamentos (P < 0,01). Os grupos do T3 apresentaram maior freqüência de interações agonísticas, maior freqüência do comportamento exploratório e menor freqüência do comportamento deitado do que os do T2 (P < 0,01). O tratamento (P < 0,01) e o dia (P < 0,001) influenciaram a freqüência de vocalizações, que foi semelhante entre T2 e T3 e menor (P < 0,01) no T1. Em relação às lesões de pele graves, houve uma interação entre tratamento e dia de avaliação. No dia 2 pós-desmame houve maior porcentagem de leitões com lesões graves no T3 (P < 0,1) do que nos outros dois tratamentos que não diferiram entre si. No dia 7, os três tratamentos diferiram entre si (P < 0,001), sendo maior a porcentagem no T3 e menor no T1. A remoção de dois estressores - a mudança de ambiente físico e a mistura social - favoreceu alguns indicadores de bem-estar nos leitões, de forma que este foi superior naqueles do tratamento que permaneceu na maternidade. A mistura de leitões foi o fator que mais afetou o bem-estar dos animais, a julgar por alguns comportamentos apresentados, como a alta freqüência de vocalizações e interações agonísticas acompanhadas de lesões graves de pele, indicando dor e sofrimento desses animais. A mudança de ambiente físico, um fator pouco estudado como estressor na suinocultura e prevalente em vários manejos da suinocultura industrial, teve uma contribuição relevante no empobrecimento do bem-estar desses animais. Os resultados deste estudo permitem inferir sobre possíveis alterações no manejo que podem contribuir para melhorar o bem-estar dos suínos, como por exemplo, a realização de sistemas que favoreçam a integração das leitegadas antes do desmame com desmame em etapas, com vistas a separar os estressores aos quais os leitões são submetidos por ocasião do desmame. |