Abstract:
|
O rápido crescimento das cidades brasileiras, ocorrido nas últimas décadas, tem levado muitas delas a um processo de descaracterização formal/espacial, com a perda de seus elementos urbanos mais significativos, lugares essenciais à manutenção dos laços locais dos idosos, bem como da identidade formal/espacial da cidade. A constatação desse vínculo entre a memória do idoso e a identidade da cidade, deu origem à hipótese deste trabalho, acerca da possibilidade de identificação dos elementos urbanos portadores da identidade formal/espacial da cidade a partir da memória do idoso. Essa hipótese, uma vez verificada pela revisão da literatura, constituiu o pressuposto teórico que deu origem a um procedimento de análise da apropriação formal/espacial do espaço urbano pela pessoa idosa, objetivo principal do presente estudo. Na parte prática da pesquisa, foi elaborado o procedimento de análise propriamente dito e aplicado no centro urbano de Florianópolis, estudo de caso selecionado. As entrevistas estruturadas possibilitaram: a evidenciação prática do pressuposto estabelecido, por meio da comparação entre os elementos urbanos apropriados ao longo da vida pelos idosos da amostra e os elementos tombados existentes no local; a análise da apropriação do espaço urbano ao longo do tempo, com a comparação entre os elementos urbanos apropriados por esses idosos no passado e no presente; e a identificação dos fatores ambientais que influenciam nessa apropriação atual. Com a observação e o levantamento in loco, foram constatadas as relações entre os fatores ambientais e os componentes morfológicos existentes em cada elemento urbano. A partir desses componentes morfológicos, foi verificado, com base nas técnicas de fotointerpretação e análise regressiva da paisagem, como a cidade, mais especificamente a área objeto de estudo, contribui morfologicamente para a apropriação dos elementos urbanos pelos idosos da amostra e se a sociedade zelou por esses componentes. Consolida-se, então, o procedimento de análise da apropriação formal/espacial do espaço urbano pela pessoa idosa, auxílio direto à manutenção dos laços locais do idoso e da identidade da cidade. |