Abstract:
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Esta dissertação de mestrado será apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina e está vinculada à Linha de Pesquisa em Ensino e Formação de Educadores. Tem por objetivo discutir como as concepções de violências dos(as) profissionais do Programa Sentinela tecem as ações atinentes à gestão do cuidado no atendimento às crianças inseridas em contextos de violências sexuais. A pesquisa foi realizada num dos Programas Sentinelas da Região da Grande Florianópolis, tomando por referência os "casos" atendidos e os prontuários instaurados durante os anos de 2004 e 2005. Dada a complexidade do tema, a opção metodológica foi guiada por uma perspectiva etnográfica, para situar as nuances qualitativas implicadas em cada uma das ações que dão movimento ao Programa. Nessa travessia pude investigar os registros documentais e as rotinas dos profissionais, participar com eles dos "estudos de casos" e das visitas domiciliares de atenção às crianças violentadas, bem como, trocar impressões nos momentos de interdiálogos. A partir das mediações de Morin, Sousa, Maffesoli e Foucault, problematizei como os procedimentos práticos realizados pelos(as) profissionais, os discursos e os saberes sobre a infância, as violências e as famílias revelavam as faces da gestão do cuidado nos processos de atenção realizados pelo Programa Sentinela. Uma gestão multifacetada pelo viés da biopolítica, do cuidado de si, das reproduções de violências e dos olhares adultocêntricos. Uma gestão que se move também pela falta de investimentos nas políticas públicas, através da precarização de recursos humanos, financeiros e materiais, o que prejudica a formação continuada dos profissionais que ali atuam e provoca o não acolhimento das crianças violentadas, vergonhosamente deixadas nas filas de espera, conforme a compreensão jurídico-normativa da intensidade de seu sofrimento, o que se revela como um dos contornos das violências. |