Abstract:
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O estudo tem como propósito analisar os principais aportes teóricos e metodológicos que fundamentam a formação do pesquisador em Educação, com vistas a apreender os princípios constitutivos e as tendências que orientam essa formação. Toma como referência os Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu considerados de excelência e com nível de inserção internacional na avaliação continuada da CAPES, de acordo com o parecer da Comissão de Avaliação da área de Educação, no período de 1998 a 2003. Busca-se identificar as determinações históricas, os sujeitos e as agências intervenientes na implantação, no desenvolvimento e na regulação da Pós-Graduação no país e sua repercussão na formação do pesquisador em Educação. A partir desse locus particular, focalizam-se as estruturas curriculares - disciplinas, ementas e bibliografias - dos Programas avaliados, evidenciando os eixos teóricos, os conceitos privilegiados e as escolhas que se desenharam a cada momento das avaliações continuadas. A apreensão dessa dinâmica conduziu ao estudo das disciplinas direcionadas ao eixo Filosofia e Ciência, para compreender as idéias e as posições definidoras dos autores e das correntes teóricas no estudo da natureza e das práticas sociais da ciência e do conhecimento e suas relações com o processo histórico e a vida social. Para discutir essas posições procurou-se aprofundar o diálogo com Lukács, Bhaskar, Ahmad e Nanda, pensadores que, desde uma concepção realista crítica, formulam argumentos em defesa da dimensão ontológica do conhecimento e da relação indivíduo - conhecimento - sociedade. O estudo permitiu observar que, guardadas as especificidades dos Programas analisados, a formação dos pesquisadores fundamenta-se em eixos teóricos nos quais predominam, em ordem de maior incidência, o estudo de questões sobre história, sociabilidade econômica e política; pesquisa; cultura, linguagem e tecnologia; educação, ensino e formação e, por último, filosofia e ciências. Nesse eixo evidenciou-se a expressiva recorrência aos conceitos e autores que defendem posições anti-realistas de ciência - com o anúncio da crise da razão, a crítica à racionalidade ocidental, a desconstrução da metafísica ocidental, a crítica da razão histórica - em detrimento de posições realistas críticas que defendem a pesquisa da natureza, constituição e estrutura dos objetos de estudo nas suas dimensões transitiva e intransitiva. Mais do que a hegemonia de uma posição questiona-se a falta ou inexpressiva presença do debate em torno da disjuntiva realismo/anti-realismo na ciência. Quando se trata da formação do pesquisador, a presença da crítica, do embate, do contraponto é indispensável, sob pena de inviabilizar a discussão esclarecida e fundamentada dos problemas filosóficos inerentes a todas as concepções de ciências. |