Abstract:
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Este trabalho procura mapear as estratégias capazes de constituir uma identidade sem fundo e sempre movente na obra do escritor-crítico Bernardo Carvalho, cuja maior peculiaridade advém exatamente dessa posição dinâmica das personagens, com uma legitimidade marcada pela exata força da sua ambigüidade inerente. Isso está associado à dupla função do escritor # em um só tempo, legislador e objeto da crítica # já que se trata de um romancista que é também um crítico de arte. São tomadas, para tanto, as escritas, ficcionais e crítico-teóricas, publicadas entre os anos de 1996 a 2001, procurando sempre promover um diálogo entre ambas, no intuito de ver como o escritor-crítico articula suas propostas estéticas (veiculadas em sua obra ficcional) com seu discurso crítico-teórico (veiculadas na leitura de suas escolhas). A partir de sua forma de escrita ficcional, procurou-se articular três princípios estéticos que perpassam aquela dupla função do escritor: o fait divers, como figura de uma notícia, tal como apresentado por Roland Barthes, a paranóia , tal como, inicialmente, pensada em Lacan e elaborada como paranóia-crítica por Salvador Dali e, de um modo mais amplo, a refuncionalização do gênero policial, como fenômeno da romanesca do final do século XX. |