Abstract:
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Neste estudo - que combina a abordagem qualitativa e quantitativa - analisa-se a relação entre o trabalho docente e a saúde dos que nele atuam, tendo como universo de pesquisa a Rede Pública Municipal de Palhoça. Para estabelecer essa relação, discute-se a natureza do trabalho docente e suas condições de realização no contexto capitalista. A discussão fundamenta-se, principalmente, nos estudos de Marx - a respeito dos aspectos concernentes à estruturação desta sociedade - e nos estudos já produzidos acerca do trabalho docente e da sua relação com a saúde - mal-estar docente, estresse e burnout em professores. Partindo do pressuposto que o trabalho docente no interior da sociedade capitalista afeta a saúde de professores (as), investigou-se sua natureza e as condições sob as quais é realizado; identificou-se a freqüência com que ocorrem as licenças para tratamento de saúde entre professores e as doenças que provocam seu afastamento da sala de aula no período 2000/2002. As entrevistas realizadas com quatro professoras da rede revelam aspectos significativos da multifacetada atividade docente - como a longa jornada e a sobrecarga de trabalho, sobretrabalho, relações interpessoais, escassez de recursos e baixos salários - que impele a professora-trabalhadora a realizar o trabalho doméstico e, ainda, outras atividades complementares de renda. Sob tais condições, o trabalho perde seu caráter humanizador, constituindo-se como fonte de sofrimento e interferindo na saúde desses professores. Esta pesquisa revela que grande parte das doenças - pelas quais os (as) professores (as) se afastam do trabalho - são as de ordem psicológica, sendo a depressão a doença de maior incidência entre docentes. |