Abstract:
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Nesta tese, empreendemos uma releitura dos romances-folhetins Condessa Vésper (1882), Girândola de amores (1882), Filomena Borges (1884), Malta, Mattos ou Mata? (1885), O coruja (1890), A mortalha de Alzira (1894) e Livro de uma sogra (1895), escritos por Aluísio Azevedo. Esses romances têm sido desqualificados por parte da crítica literária brasileira que os desvaloriza por julgá-los fora dos padrões da escritura real-naturalista; por voltarem-se para o mercado e atenderem às demandas do leitor e por instituírem-se a partir de uma linguagem híbrida entre o romantismo e o real-naturalismo. A leitura dessas obras revelou que o discurso híbrido não indica falta de coerência, mas formaliza a contradição real em que vivia a sociedade brasileira oitocentista entre o escravismo e o liberalismo, este vinculado a um projeto de renovação conservadora e apegado ao discurso real-naturalista e aquele, ligado a um projeto conservador passadista e atrelado ao romantismo. O hibridismo é uma maneira de se ajustar as formas romanescas importadas ao contexto sócio-econômico local. A linguagem híbrida de Aluísio Azevedo pretendia concretizar o projeto ilustrado-burguês do escritor que consistia em educar o leitor, fazendo-o perceber o engodo da linguagem romântica, fornecendo-lhe, dentro dos romances-folhetins, a literatura real-naturalista. Esse projeto ilustrado não se efetiva sem percalços. Primeiramente, ocorre de forma monológica, impondo-se a linguagem real-naturalista. Em uma segunda etapa, efetiva-se de modo menos didático, carnavalizando-se a linguagem romântica. E, em um terceiro momento, a linguagem real-naturalista sofre um processo total de carnavalização. |