Abstract:
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O uso de agrotóxicos na agricultura tem carreado problemas que ameaçam a saúde dos agricultores. O fenômeno adquire importância ao extrapolar seus limites de ocorrência, atingindo a população em geral e causando impacto negativo no meio ambiente pela degradação dos ecossistemas. Nesta conjuntura, este estudo trata no contexto agrícola, das associações entre o trinômio: qualidade de vida no trabalho-saúde-segurança dos agricultores quando confrontadas aos fatores de riscos ocupacionais advindos da exposição destes aos agrotóxicos. O objetivo deste estudo está em contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores, ao se propor melhorias nas condições de trabalho mediante aplicação da ergonomia. Optou-se por um estudo de caso para investigação de um sistema de produção agrícola localizado no município de Santo Amaro da Imperatriz/SC, no período de junho-agosto de 2002. Os fundamentos teóricos da metodologia têm origem em alguns métodos empregados pelas Ciências Sociais, dos quais a ergonomia lança mão ao fazer uso de sua metodologia da análise ergonômica do trabalho, que serviram ao delineamento deste estudo, caracterizando-o como sendo do tipo exploratório, descritivo, que tem na abordagem qualitativa, o tratamento das informações e estruturação dos instrumentos de coleta de dados. O critério metodológico da análise ergonômica do trabalho aplicada a unidade de serviço analisada, onde tem início o preparo dos agrotóxicos, abrangeu três etapas. Na primeira, empreendeu-se uma análise dos referenciais bibliográficos atinentes a temática tratada; na segunda, aplicou-se a análise ergonômica do trabalho, onde foram operacionalizadas as análises da demanda, da tarefa e das atividades; na terceira, incluiu-se o resumo ergonômico do trabalho, efetivando o estabelecimento do diagnóstico e da elaboração de recomendações ergonômicas da situação de trabalho investigada. Os principais resultados deste estudo apontaram para: a dependência do sistema produtivo analisado em relação ao uso dos agrotóxicos; as condições inseguras de trabalho expondo os agricultores, principalmente, aos riscos químicos procedentes dos agrotóxicos; a desinformação dos trabalhadores e de suas percepções vivenciais de "auto-imunidade" que conduzem a "resistência" para o não uso de equipamentos de proteção individual; o despreparo técnico destes, levando ao manejo inadequado dos agrotóxicos. Conclui-se que o meio ambiente de trabalho rural ainda é um dos locais que mais agrega riscos ocupacionais à saúde dos agricultores, há falta de efetividade das ações educativas para investimento na melhoria do nível de escolaridade, informação e preparo técnico da categoria. |